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Curitiba – Para quem olha de fora, nem parece tempo de campanha eleitoral na Venezuela. Ao contrário dos últimos tempos, as grandes reviravoltas políticas, desta vez, não ocorreram. Tirando uns poucos episódios, como o protagonizado pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que há duas semanas irritou a oposição ao apoiar a reeleição de Hugo Chávez durante a inaguração de uma ponte sobre o Rio Orenoco, o clima parece tranqüilo.

Chávez está certo de sua vitória sobre o principal candidato da oposição, o social-democrata Manuel Rosales, no dia 3 de dezembro, e a expectativa dos analistas lhe dá razão – indicam uma vitória com pelo menos 10 pontos porcentuais de vantagem. Mais que uma eleição, este será um novo referendo para Chávez, que, reconfirmado nas urnas, se manterá no poder até 2013.

Duas cartadas da oposição acabaram por promover ainda mais a figura de Chávez. Uma delas foi a acusação de fraude no resultado do referendo revogatório do mandato de Chávez, em 2004. A segunda foi a tentativa de boicote às eleições a Assembléia Nacional, em dezembro de 2005. O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Vírgilio Arraes, lembra que na ocasião Chávez conquistou praticamente 90% das cadeiras da Assembléia. "A oposição provocou o efeito oposto ao desejado. Rosales não tem expressão política e se posiciona como candidato conservador", analisa.

A calmaria do pleito pode acabar com uma forte disputa após o resultado eleitoral, acha Luciana Worms, professora de geopolítica do Curso Positivo. "Rosales vem dizendo que não aceitará a derrota". A oposição, de certa forma, se vê em desespero já que suas tentativas anteriores de conter Chávez não deram certo, diz Luciana.

Para a sociológa da Universidade Estadual de Londrina Maria Lúcia Barbosa, é o controle do aparato estatal e não a qualidade do governo que garante a vantagem eleitoral de Chávez.

Sua gestão é marcada pelo caos financeiro, por programas sociais assistencialistas e por uma economia engessada. "A pobreza na Venezuela é problemática. Não há melhora no padrão de vida da população. É um novo tipo de ditadura sob a aparência democrática", descreve.

Outra barreira que Chávez precisa quebrar é a sua política social de caráter imediatista, que acaba por não movimentar a economia, concentrando-a em torno da exportação de petróleo, avalia Arraes. "A Venezuela não soube aproveitar o lucro obtido durante a crise do petróleo, nos anos 70, para desenvolver seu parque industrial."

Resta saber se, reeleito, Chávez vai resolver os problemas do país ou trabalhar pelo sonho de ampliar sua influência latino-americana e ficar ainda mais tempo no poder.

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