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As 32 mortes ocorridas nesta segunda-feira (16/4) no campus da Universidade Virgínia Tech devem reabrir o debate sobre o controle de armas nos EUA e o que leva as pessoas a cometerem chacinas em escolas e faculdades.

Ainda não se sabe a identidade e os motivos do autor do massacre, o pior em um campus universitário na história dos EUA, superando o que foi cometido em 1o de agosto de 1996 por Charles Whitman, que subiu a uma torre da Universidade do Texas, um dia depois de matar a mãe e a esposa, e assassinou 13 outras pessoas, além de ferir 31.

Em outubro de 2006, um homem baleou dez meninas da seita amish numa modesta escola rural da Pensilvânia, matando cinco delas antes de voltar o gatilho contra si.

Em abril de 1999, os adolescentes Eric Harris e Dylan Klebold, armados com pistolas e bombas caseiras, mataram 12 colegas e um professor na escola secundária Columbine, no Colorado, num massacre minuciosamente planejado.

Incidentes do gênero levaram a novas regras para a segurança escolar e a um debate sobre a disponibilidade de armas. Desencadearam também uma leva de estudos acadêmicos sobre as causas do estresse, da depressão e da violência em jovens, além de romances premiados, como "Precisamos Falar de Kevin", de Lionel Shriver.

Os autores de massacres em escolas e faculdades às vezes são guiados por queixas específicas contra a instituição ou suas pessoas, segundo Nadine Kaslow, professora de Psicologia da Escola Emory de Medicina.

Muitas vezes são pessoas com transtornos mentais e que podem também estar reagindo a um trauma, real ou imaginário, que decidem transferir a outrem, segundo Kaslow.

"Algumas dessas pessoas simplesmente vão até o limite. Todo o resto de nós temos uma consciência que diz: 'Não faça isso"', afirmou ela, ressalvando não ter dados sobre o caso de Virginia.

Na opinião dela, esses massacres parecem mais comuns nos EUA por causa da importância que a mídia dá a casos como o de Columbine, o que pode passar a idéia -atrativa para alguns- de que um crime é um atalho para a celebridade.

Defensores das restrições dizem também que a facilidade de conseguir uma arma faz com que matar as pessoas em qualquer lugar -inclusive escolas- seja mais fácil nos EUA.

"O que fizemos como nação nos oito anos desde Columbine a respeito desse problema?," questionou Paul Helmke, presidente do Centro Brady para a Prevenção da Violência de Armas.

Direito constitucional

Helmke disse que, desde Columbine, que nesta semana completou oito anos, não houve novas leis sobre o controle de armas, e que uma proibição às armas de assalto expirou em 2004, sem que ninguém conseguisse renová-la.

Defensores da liberdade de ter armas, como a Associação Nacional do Rifle, alegam que esse direito está assegurado na Constituição dos EUA, e contestam os esforços para vincular a incidência de crimes ao acesso às armas de fogo.

Muitos estudos recentes tratam da violência entre estudantes e de suas causas, e depois de Columbine houve grande atenção às vidas e ambientes dos dois jovens, que cometeram suicídio.

Também há ênfase nas intimidações corriqueiras nas escolas, nas "panelinhas" e nos possíveis efeitos de músicas e videogames consumidos por essa geração. Especialistas se empenham também em formas de detectar prematuramente a violência.

Kaslow disse que a violência escolar nos EUA é muito maior, pois abrange também as humilhações cotidianas, as agressões menos graves e a violência sexual. Os massacres seriam só a forma mais visível do fenômeno.

"Somos bombardeados por imagens violentas na nossa cultura. Temos uma cultura da violência aqui (nos EUA). A garotada vai para casa e vê isso na TV", disse ela.

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