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Paulo Sérgio Pinheiro, relator especial da ONU para Mianmar | Reprodução/Unesco
Paulo Sérgio Pinheiro, relator especial da ONU para Mianmar| Foto: Reprodução/Unesco

Caracas – Foi como uma bola de neve e começou com a arremetida de Hugo Chávez contra a importação de uísque e de veículos Hummer, no domingo. A ordem presidencial para limitar o comércio dos principais símbolos da explosão do consumo de luxo na Venezuela fez a moeda local, o bolívar, atingir o recorde histórico de desvalorização no mercado paralelo, aumentando a pressão inflacionária e a expectativa de novas medidas econômicas.

"Nem um dólar para importar Hummer. O que é isso? Não, senhor. Somos um dos países que mais consumem 'güisqui' per capita no mundo. Apertemos as porcas porque afrouxamos muito o controle de câmbio’’, disse Chávez domingo, no o programa "Alô, Presidente’’. "Que revolução é essa? A revolução do 'güisqui'? A revolução das Hummer?’’

As declarações não assustaram só a montadora de veículos GM, que no mês passado havia anunciado uma rede de concessionárias no país para vender os caros utilitários sobretudo à "burguesia bolivariana’’, como são chamados os altos funcionários públicos e empresários ligados ao chavismo.

O temor de que a restrição contra o uísque e os Hummer se estenda a outros artigos de luxo fez com que, em dois dias, o bolívar sofresse uma desvalorização de 6,7% no câmbio paralelo, passando de 5.010 para 5.350 bolívares por dólar. A rígida lei cambial obriga as empresas a comprar dólar e a ter uma autorização do governo para realizar importações.

Com isso, a desvalorização com relação ao câmbio oficial chegou a 149%, a maior diferença desde que a taxa foi congelada, em 2.150 bolívares por dólar, em 2005.

O câmbio paralelo é um dos principais fatores do fenômeno inflacionário no país, já que cerca de 15% das importações são feitas nessa taxa. Isso num país de "economia de portos’’, onde cerca de 70% dos alimentos vêm de fora, por exemplo.

Com a taxa de câmbio, dispararam também as especulações em torno de um novo pacote econômico para frear a maior inflação da América Latina (15,3% em 12 meses), enquanto o país iniciou a contagem regressiva para a implantação de uma nova moeda, o bolívar forte, em 1.º de janeiro. A partir desta semana o comércio está obrigado a publicar os preços nas duas moedas.

Até agora, o governo diz que a única medida com a entrada do bolívar forte é o corte de três zeros, apostando apenas num efeito psicológico da mudança sobre a inflação.

Por outro lado, o ministro das Finanças, Rodrigo Cabezas, anunciou ontem, sem entrar em detalhes, que haverá "medidas fiscais, monetárias e cambiais’’ na apresentação da Lei de Orçamento de 2008.

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