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Estudantes enfrentam a polícia em frente da Universidade Central de Venezuela: ameaça à  autonomia universitária | Miguel Gutierrez/AFP
Estudantes enfrentam a polícia em frente da Universidade Central de Venezuela: ameaça à autonomia universitária| Foto: Miguel Gutierrez/AFP

Reforma a toque de caixa

Antes de perder a maioria qualificada na Assembleia, chavistas passam leis que tocam em diversas áreas:

Lei Habilitante

- Dá ao presidente poder para legislar por decreto em nove áreas por 18 meses, e não por um ano, como havia sido proposto inicialmente.

ONGs e partidos políticos

- Lei barra investimentos estrangeiros para organizações não governamentais (ONGs) e partidos políticos e penaliza organizações e partidos políticos que convidam estrangeiros para o país que publicamente "deem opiniões que ofendem as instituições do Estado" ou que sejam contrários à soberania da Venezuela.

Universidades

- Legislação retira a autonomia de universidades públicas e privadas do país.

Internet

- Legislação estende a conteúdos da internet regras já vigentes para rádio e tevê; ponto mais controvertido é a punição prevista para o provedor ou portal que não restrinja "sem demora" acesso a mensagens que incitem o ódio e não reconheçam autoridades, entre outros.

Tevê

- Texto modifica o marco legal das telecomunicações, reduzindo de 25 para 15 anos os períodos de concessão de rádio e tevê, além de definir o setor como de interesse público.

Bancos

- Cria uma espécie de imposto social direto e outras obrigações de depósito compulsório, além de proibir que acionistas de meios de comunicação sejam diretores de bancos.

Assembleia Nacional

- Reforma do Regulamento Interno e de Debates da Casa elimina cerca de 40 artigos, entre eles o que regulava os grupos parlamentares - agora extintos. Também reduziu-se o número de sessões parlamentares.

Fonte: Folhapress

Em mais uma longa sessão, a Assembleia Nacional da Vene­­zuela, de maioria chavista, aprovou na madrugada de ontem nova lei de universidades que estabelece que a educação superior deve "contribuir para a construção do modelo socialista".

É o mais novo item aprovado a toque de caixa pelo Parlamento. Na nova legislatura, que assume em 5 de janeiro, os apoiadores do presidente Hugo Chávez não se­­rão mais maioria qualificada.

Em 15 dias, foram aprovadas dez leis em setores tão diversos como telecomunicações e fi­­nan­­­­ças. São medidas que, em suma, aumentam o poder nas mãos de Chávez, pressa que a oposição classificou de "pacotaço de Na­­tal".

A lei aprovada na madrugada é rejeitada pelas maiores organizações estudantis e por reitores das principais universidades. Eles alegam que o texto elimina a autonomia do ensino superior garantida na Constituição.

Revoltados, estudantes e professores se mobilizaram ontem para protestar contra a lei no campus da Universidade Central da Venezuela (UCV), a maior do país, foram reprimidos com jatos de água e gás lacrimogêneo por integrantes da Guarda Nacional.

O argumento oficial é que eles não haviam pedido autorização para a marcha, como previsto na norma venezuelana. Três manifestantes tiveram ferimentos leves.

Um dos feridos foi Diego Scha­­rifker, presidente da federação de grêmios estudantis da UCV. "Qui­­seram nos impedir de protestar, mas conseguimos mesmo assim. Vamos seguir mobilizados", disse Scharifker.

Em 2007, os estudantes universitários protagonizaram grandes marchas para protestar contra a não renovação do concessão da TV oposicionista RCTV. Um dos líderes dos protestos à época foi Stálin González, agora deputado eleito oposicionista.

"Essa Assembleia e esse governo ignoraram a proposta feita pelas universidades que conseguiram 20 mil assinaturas. Au­­tonomia não é apenas eleger as autoridades universitárias. É ter autonomia sobre os planos acadêmicos, não ter de se ajustar ao plano de desenvolvimento socialista", disse.

O deputado chavista Alberto Castellar defendeu a lei na tevê estatal citando o educador brasileiro Paulo Freire: "É educar para liberar".

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