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Painel no prédio-sede da PDVSA, a estatal de petróleo da Venezuela, com foto de Chávez e a mensagem “Em frente, comandante” | Juan Barreto/AFP
Painel no prédio-sede da PDVSA, a estatal de petróleo da Venezuela, com foto de Chávez e a mensagem “Em frente, comandante”| Foto: Juan Barreto/AFP

Complicação

Presidente sofreu hemorragia, relata jornalista

O tom otimista que o presidente Hugo Chávez demonstrou ontem, em entrevista na tevê, contrasta com rumores de que sua situação de saúde pode ser mais precária do que o governo admite.

Segundo o blogueiro venezuelano Nelson Bocaranda, Chávez sofreu uma hemorragia interna durante a noite. O sangramento teria sido causado por um dreno, mas foi estancado, e uma cirurgia não foi necessária.

De acordo com o jornalista, exames feitos em Havana mostrariam que os esteroides usados por Chávez para melhorar a aparência durante o tratamento de câncer pioraram seu quadro de saúde.

Bocaranda disse ainda que Chávez passou por duas cirurgias – a primeira para aprimorar o diagnóstico e a segunda de extração da lesão, na terça-feira – e que foram feitas biópsias de diferentes órgãos.

Na quarta-feira, membros da equipe do governo pediram à população para ignorar o que classificaram de "especulação" sobre a saúde do presidente.

O presidente da Venezuela, Hu­­go Chávez, 57 anos, falou publicamente ontem pela primeira vez desde que foi submetido a uma cirurgia, em Cuba, para a retirada de uma "lesão" possivelmente maligna na pélvis.

"Estou bem, estou me recuperando aceleradamente", disse Chavez em conversa telefônica com o canal estatal venezuelano VTV a partir de Havana, onde está desde a última sexta-feira.

Em tom otimista, o presidente detalhou sua rotina no hospital e indicou que segue de perto os acontecimentos em seu país.

"Desde anteontem, estou ca­­minhando pelos corredores", dis­­se, em conversa de quase 10 mi­­nutos. "Agora mesmo estou me preparando para a caminhada do meio-dia e, mais tarde, para uma sopa de abóbora. De manhã, [tomei] um iogurte. Acor­­dei às 6 da manhã e fiquei caminhando como um velho soldado. Assinei uns papéis." "Estamos aqui nu­­ma batalha, e logo estarei com vocês fisicamente também."

Horas antes, Chávez também havia publicado uma série de posts em sua página no Twitter. "Muito boa noite, meus queridos compatriotas! Aqui vou, levantando voo como o condor! Envio a vocês meu amor supremo! Viveremos e venceremos", disse.

O ministro da Ciência e Tec­­nologia, Jorge Arreaza, contou que Chávez se encontrou com di­­versos ministros em Havana pa­­ra discutir ações do governo.

O vice Elías Jaua afirmou que o presidente lhe telefonou du­­rante a madrugada: "Ele me deu umas 300 mil instruções, pediu que eu lhe enviasse coisas para assinar".

A doença de Chávez complicou o processo eleitoral venezuelano. O presidente é candidato à reeleição em outubro e já disse que gostaria de comandar o país por outra década ou duas.

Além disso, muita coisa está em jogo para a região. Cuba, Ni­­carágua e outros governos de es­­querda no Caribe e América Cen­­tral dependem dos subsídios de petróleo e outros benefícios do governo de Chávez.

O adversário do líder venezuelano nas eleições de 7 de ou­­tubro é Henrique Capriles, go­­ver­­nador de 39 anos que espera atrair os eleitores de Chávez com a promessa de um governo de "esquerda moderna" ao estilo brasileiro.

É a primeira vez, desde que Chávez chegou ao poder, que a oposição tem um candidato único. Capriles foi escolhido em elei­­ção primária que contou com a participação de representantes da maioria dos partidos oposicionistas.

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