• Carregando...

Cada que vez o presidente Hugo Chávez, atualmente tratando um câncer, conclama os venezuelanos a cuidarem da saúde, Nelson Afiuni sente raiva e impotência.

Desde 2009, quando sua irmã María Lourdes, uma ex-juíza, foi presa, a família denuncia que as autoridades colocaram em risco a vida dela por impedi-la de tratar um câncer.

'O juiz não lhe permitiu a transferência ao (hospital) oncológico para examinar dois cistos que ela ainda tem em um seio', disse Afiuni, que defende para todos os cidadãos os mesmos cuidados oferecidos ao presidente.

A ex-magistrada é acusada de ser cúmplice na fuga de um banqueiro suspeito de corrupção. Ela o pôs em liberdade ao final do prazo máximo permitido para detenção sem julgamento. O próprio Chávez chegou a dizer pela TV que a mulher merecia ser condenada a 30 anos de cadeia.

Um porta-voz do Ministério do Interior e Justiça disse à Reuters que o órgão cuida dos direitos de todos os presos, mas que não comentaria casos específicos.

Familiares de presos vinculados à oposição esperam que Chávez se mostre mais compreensivo agora que tem um câncer, e que, portanto, facilite o acesso de seus desafetos aos serviços médicos.

Os venezuelanos ainda especulam sobre qual tipo de câncer e qual tratamento será necessário para Chávez, um ex-militar de 56 anos, que já passou por uma operação em Cuba e deve prosseguir o tratamento, provavelmente quimioterapia ou radioterapia.

Desde que admitiu a doença, Chávez não deixa de recomendar à população: 'Cuidem muito da saúde.'

Nelson Afiuni diz se sentir desolado ao ver Chávez passeando na companhia de familiares e fazendo exercícios de reabilitação ao ar livre, enquanto os tribunais nem sequer permitem que sua irmã saia para caminhar ou tomar sol no jardim do edifício onde cumpre prisão domiciliar, à espera de julgamento.

A saúde da ex-juíza se agravou quando ela passou 14 meses confinada numa cela. Só então foi autorizada a ir para o hospital e passar por uma cirurgia de emergência, segundo o irmão dela.

'Quando informamos à diretora do presídio sobre a situação dela, não acreditaram em nós, achavam que estávamos enganando-os. Até que ela começou a sangrar. Então a promotoria, vendo que ela estava morrendo, permitiu a transferência', disse o homem.

Não foi possível confirmar essa versão junto às autoridades da Venezuela, onde há anos entidades de direitos humanos apontam uma situação dramática de superlotação nos presídios. As cadeias venezuelanas estão entre as mais perigosas do continente, com centenas de presos mortos a cada ano.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]