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O chefe da Otan rejeitou na quinta-feira (23) um chamado da Itália pela suspensão dos conflitos na Líbia e procurou assegurar aos membros da coalizão ocidental que Muamar Kadafi poderá ser derrotado.

O chamado da Itália por um cessar-fogo trouxe à tona as tensões na aliança da Otan, quase 14 semanas depois de iniciada uma campanha de bombardeios que ainda não conseguiu desalojar Kadafi, mas está provocando preocupações crescentes com seu custo financeiro e as vítimas civis.

Destacando as consequências mais amplas da guerra na Líbia, país produtor de petróleo no norte da África, os países consumidores de petróleo anunciaram uma iniciativa rara de liberar óleo das reservas para preencher o vazio deixado pela interrupção da produção líbia.

Indagado sobre o chamado da Itália por um cessar-fogo, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse em entrevista a um jornal: "Não, pelo contrário. Vamos continuar e vamos levar a missão até sua conclusão".

"Os aliados estão engajados em fazer o esforço necessário para uma operação prolongada", disse ele ao jornal francês Le Figaro.

"Vamos tomar o tempo necessário até ser alcançado o objetivo militar: o fim de todos os ataques contra civis líbios, o retorno das forças armadas aos quartéis e a liberdade de movimentos para a ajuda humanitária."

A Otan diz que está operando sob mandato da ONU para proteger civis contra as forças de Kadafi, que tenta esmagar um levante contra seu governo, no poder há 41 anos. Kadafi afirma que o objetivo real da Otan é roubar o óleo do país.

O primeiro-ministro britânico David Cameron disse que a capacidade de resistência do líder líbio está sendo desgastada constantemente, de modo que agora não é o momento de relaxar a pressão sobre ele.

"O tempo está do nosso lado, não do lado do coronel Kadafi", disse Cameron em visita à capital tcheca. "Logo, precisamos ser pacientes e persistentes."

A Otan disse que golpeou as forças de Kadafi perto de Zlitan, cidade a 170 quilômetros a leste de Trípoli, com um ataque aéreo e naval na quarta-feira que destruiu 13 veículos blindados, um veículo blindado de transporte de tropas e um lançador de foguetes.

No fim de semana a Otan admitiu pela primeira vez na campanha que pode ter provocado várias mortes de civis, quando um ataque aéreo atingiu uma casa em Trípoli, suscitando um ataque acirrado de Kadafi em discurso de áudio transmitido na noite de quarta-feira.

Autoridades líbias em Trípoli levaram repórteres à Praça Verde, no centro da cidade, onde uma multidão de 200 pessoas se reunira para demonstrar apoio a Kadafi.

Mas houve uma nota de discórdia. Quando os repórteres foram conduzidos de volta ao ônibus por um funcionário do governo, um homem gritou pela janela de seu carro: "Abaixo Kadafi!."

Forças estão pressionadas

O tempo agora é um fator crucial para os dois lados no conflito. É provável que a unidade na coalizão liderada pela Otan sofra mais pressões e que a capacidade de resistência de Kadafi seja desgastada continuamente pelas sanções, os ataques aéreos e os combates com os rebeldes.

Em um sinal de que as forças de Kadafi estão sob pressão crescente, um fotógrafo da Reuters em Al Qalaa, sob controle rebelde, viu cerca de 50 soldados da marinha mantidos como prisioneiros em uma delegacia de polícia.

Os soldados disseram que seus comandantes lhes disseram que seriam enviados para proteger a região contra um ataque da Al-Qaeda e que, mais tarde, foram capturados pelos rebeldes.

O conflito dividiu a Líbia de maneira concreta. O terço oriental do país, em torno da cidade de Benghazi, está nas mãos dos rebeldes, enquanto o oeste - excetuando alguns enclaves rebeldes - é controlado por Kadafi. Praticamente não há movimento entre os dois lados.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse que iniciou uma operação para levar de volta a suas casas pessoas que ficaram do lado errado da divisão provocada pela guerra civil.

O CICV disse que um navio levará várias centenas de pessoas de Trípoli a Benghazi e que cerca de 110 pessoas fariam a viagem inversa.

"A maioria das pessoas que estamos transferindo são líbios que estavam trabalhando fora de suas cidades ou visitando parentes quando o conflito começou", disse Paul Castella, chefe da delegação do CICV em Trípoli. "Elas estão ansiosas por rever suas famílias."

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