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Brasileiro morreu em 22 de julho de 2005 e recebeu diversas homensagens na abertura das investigações: homem inglês segura cartaz com os dizeres "Queremos verdade e justiça pela morte de Jean Charles de Menezes" | Andrew Winning / Reuters
Brasileiro morreu em 22 de julho de 2005 e recebeu diversas homensagens na abertura das investigações: homem inglês segura cartaz com os dizeres "Queremos verdade e justiça pela morte de Jean Charles de Menezes"| Foto: Andrew Winning / Reuters
  • Homem observa dedicatórias em homenagem ao brasileiro assassinado na estação de metrô de Londres
  • Alex Pereira (esq.), Alessandro Pereira e Patricia de Silva chegaram a Londres para acompanhar as investigações sobre a morte do primo

No dia em que começa mais uma investigação sobre a morte do eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, em Londres, o chefe da Scotland Yard, Ian Blair, divulgou, nesta segunda-feira (22), uma mensagem na intranet da polícia metropolitana dizendo que todos "devem se unir contra críticas" diante do novo inquérito judicial, classificado por ele como o "maior teste" enfrentado pela corporação nos últimos anos, segundo a imprensa local. Apesar de a nova investigação não ter caráter criminal, seu resultado pode dar uma nova versão para o caso, aumentando a pressão sobre o chefe da Scotland Yard, que vem sendo acusado de racismo e de favorecer um amigo. Jean Charles, que tinha 27 anos, foi morto por policiais com 11 tiros, há mais de três anos, na estação de metrô de Stockwell, depois de ser confundido com um terrorista.

"Há poucas dúvidas de que esse inquérito será o maior teste em tribunal que a Met (polícia metropolitana de Londres) enfrentou desde o Inquérito Macpherson . Alguma coisa em torno de 65 oficiais da ativa ou da reserva foram chamados a testemunhar. Vai haver intensa cobertura da mídia", alerta a mensagem de Blair, que faz referência à investigação da morte de Stephen Lawrence, assassinado em um ataque racista em 1993.

De acordo com o jornal britânico "Telegraph", há expectativa de que Ian Blair seja forçado a renunciar dependendo do veredicto, que deve ser conhecido em três meses. Ao longo do inquérito, a família poderá interrogar testemunhas do crime e policiais, entre eles os agentes que mataram o brasileiro em uma operação em 22 de Julho de 2005. A identidade dos depoentes será mantida em sigilo, o que foi alvo de críticas por parte de parentes e amigos do brasileiro.

Em sua mensagem, o chefe da Scotland Yard diz que a polícia terá uma postura humilde no novo inquérito e reconhecerá "a total responsabilidade" pela morte de Jean Charles, que era "completamente inocente". Ainda assim, ele elogia a polícia, e lembra ainda que a morte do brasileiro aconteceu após os atentados suicidas de 7 de julho, que mataram 52 pessoas e feriram mais de 500 em explosões no metrô e num ônibus londrinos. Blair classificou o contexto como o maior desafio desde a "Segunda Guerra Mundial".

A morte de Jean Charles já foi alvo de quatro investigações e um julgamento criminal. A Scotland Yard foi considerada culpada apenas por violar normas de procedimento, colocando a segurança pública em risco, mas não foi culpada pela morte do brasileiro. Por isso, a Justiça britânica condenou a polícia a pagar uma multa simbólica de 175 mil libras (cerca de R$ 630 mil) pela operação que levou à morte de Jean Charles e 375 mil libras (cerca de R$ 1,4 milhão) pelas custas do processo.

Outro inquérito, que examinou as ações dos oficiais no comando horas depois da morte, concluiu que não houve intenção de enganar o público, criticou a forma como lidaram com as informações. O terceiro inquérito foi estabelecido para analisar uma queixa da família Menezes sobre a forma como foi tratada após a morte de Jean Charles, mas a queixa foi rejeitada. No último inquérito, a Autoridade da Polícia Metropolitana (MPA, na sigla em inglês), que supervisiona a força, concluiu que eram necessárias mais investigações.

A investigação que começa nesta segunda-feira é prevista na lei, e determina que todas as mortes violentas devem ser apuradas. Presidido por um juiz, o inquérito conta com um júri, ao qual as evidências devem ser apresentadas. Até agora, nenhum dos policiais envolvidos no caso, em nenhum escalão, foi apontado ou condenado como individualmente responsável pelas falhas.

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