Entre os muitos momentos surreais da vida e dos tempos de Hugo Chávez, o encontro que o líder venezuelano teve esta semana com um fantoche dele próprio foi um dos mais malucos.
Apesar de estar convalescendo de cirurgia contra o câncer e quatro rodadas de quimioterapia, desde o início de outubro Chávez, 57 anos, vem aparecendo na TV e rádio como antigamente, dando telefonemas à TV estatal em qualquer horário entre o amanhecer e a meia-noite.
Assim, quando um partidário dele levou um boneco de tamanho natural do "Comandante" para a TV estatal, Chávez telefonou, entusiasmado, pela terceira vez naquele dia, e estava discursando sobre direitos dos indígenas à terra quando aconteceu um acidente embaraçoso: as calças do boneco caíram.
"Amarre as calças, irmão! Você não pode deixar as calças de Chávez cair", riu Chávez em um clip (tinyurl.com/6hgnf37) que, como não poderia deixar de ser, fez sucesso no ciberespaço.
Para seus partidários, o incidente mostrou seu senso de humor. Para seus detratores, foi uma palhaçada inapropriada para um presidente. A mensagem mais ampla de seu retorno ao ar foi clara: Chávez está recuperando seus níveis de energia e sua onipresença.
"Não é hora de morrer, é hora de viver! Àqueles que querem me ver morto, digo que dentro em breve meu retorno será completo", disse Chávez, na frase que já virou seu mantra diário.
Tendo desaparecido das vistas públicas por várias semanas em junho, quando teve um tumor canceroso extirpado em Cuba, Chávez retornou à Venezuela inicialmente com um estilo de vida drasticamente restrito, um ar sério e fazendo aparições públicas apenas esporádicas.
Sua doença, e o espectro de seu desaparecimento do palco que vem dominando desde que chegou ao poder, em 1999, colocaram a política venezuelana de ponta-cabeça, e isso quando um ano eleitoral se aproxima.
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