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O ativista dos direitos humanos Chen Guangcheng, que fugiu de casa, onde estava em prisão domiciliar, está na embaixada dos Estados Unidos em Pequim, mas por ora não pediu asilo político a Washington, confirmou nesta segunda-feira o dissidente Hu Jia.

Deste modo, Chen coloca Pequim e Washington em uma situação difícil ante a próxima visita, em 3 e 4 de maio, à capital chinesa, da secretária de Estado americana Hillary Clinton e do secretário do Tesouro Timothy Geithner, para manter um "diálogo estratégico e econômico" entre ambos os países.

Além disso, o caso de Chen pode reacender as divisões internas no regime chinês, a poucos meses de congresso do Partido Comunista que pode levar uma nova geração de dirigentes ao poder.

"Ele está na embaixada", afirmou à AFP Hu Jia, que se reuniu com o amigo após a fuga deste, em 22 de abril, de sua residência extremamente vigiada na região leste da China, em circunstâncias ainda não determinadas.

Hu Jia confirma assim os insistentes rumores de que o advogado autodidata cego está sob proteção americana, boatos que contam com um incômodo silêncio tanto de Pequim como de Washington.

"Chen não pediu asilo político aos Estados Unidos", acrescentou Hu. Isso poderá dificultar ainda mais uma eventual solução, já que o advogado não quis deixar seu país.

Hu foi detido no sábado pela polícia, depois da divulgação na internet de uma foto em que aparece ao lado de Chen, mas foi liberado no domingo, após 24 horas.

"Estão muito preocupados com a situação de Chen Guangcheng. Queriam saber tudo sobre como conseguiu escapar e quem o levou a Pequim", disse Hu Jia.

"Perguntaram quando havia encontrado o embaixador (americano) Gary Locke. Isto deixa claro que ele se reuniu com o embaixador dos Estados Unidos", completou.

Chen Guangcheng, que denuncia os abusos da política do filho único na China e das expropriações, fugiu de sua residência, em Shandong, onde estava sob prisão domiciliar há 19 meses, e divulgou na sexta-feira na internet um vídeo destinado ao primeiro-ministro Wen Jiabao sobre os abusos que sofreu recentemente.

O último dissidente chinês conhecido que se refugiou na embaixada americana foi Fang Lizhi, que permaneceu durante um ano na sede diplomática em Pequim, depois do massacre de Tiananmen, em 1989, e se exilou posteriormente nos Estados Unidos em 1990.

Astrofísico reconhecido internacionalmente, Fang Lizhi - apelidado de "Sakharov chinês" - morreu nos Estados Unidos no início deste mês.

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