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A Corte Suprema do Chile condenou na terça-feira pela primeira vez um ex-repressor do regime militar à prisão perpétua por violações aos direitos humanos. A pena contra o general da reserva Hugo Salas Wenzel, ex-chefe da Central Nacional de Inteligência, foi confirmada por unanimidade pela Segunda Sala Penal do tribunal. Ele foi considerado como culpado pelo homicídio de 12 jovens nos dias 15 e 16 de junho de 1987, durante a chamada "Operação Albânia".

- Acho que são penas justas. Custou muito, mas estou tranqüilo - disse a jornalistas o presidente da Segunda Sala Penal, Alberto Chaigneau.

O general foi sentenciado como responsável intelectual pelos assassinatos. A "Operação Albânia" foi descrita pela imprensa local como uma vingança de agentes da ditadura contra um grupo de jovens ligados à Frente Patriótica Manuel Rodríguez, que havia sido responsável por um atentado frustrado contra o então ditador Augusto Pinochet, em setembro de 1986.

Essa é a maior pena já imposta a um ex-militar ligado à ditadura. A mesma sentença elevou de 15 para 20 anos de prisão a pena do ex-agente Albaro Corbalán, condenado como autor do crime. Corbalán era o único dos condenados que já estava na prisão, devido a sua participação em outros casos de violação de direitos humanos.

Outros 11 réus foram condenados a diferentes penas de prisão. Em junho deste ano, parentes das vítimas chegaram a um acordo com o Conselho de Defesa do Estado (Ministério Público), eplo qual cada família receberá uma indenização de cerca de US$ 571 mil dólares pelas vítimas.

Governo militar alegou que mortes foram resultado de confrontos

Os 12 jovens mortos eram membros da do movimento esquerdista Frente Patriótico Manuel Rodriguez (FPMR), grupo que participou da luta armada contra a ditadura de Pinochet (1973-1990). Eles foram assassinados em diferentes pontos da capital chilena, Santiago.

O regime militar afirmou, na época, que as mortes foram resultado de confrontos, e qualificou as vítimas - entre elas duas mulheres - como terroristas. A investigação judicial mostrou, posteriormente, que os militantes de esquerda, todos com menos de 30 anos, foram detidos previamente e depois baleados por agentes.

O advogado que representou as famílias das vítimas se disse satisfeito com a sentença.

- Conseguimos estabelecer a verdade do acontecido. Conseguimos também sanções penais, e também há indenização. Quer dizer: em uma só sentença, conseguimos fazer confluir os três aspectos que compõem o conceito complexo de justiça - disse a jornalistas Nelson Caucoto, advogado dos autores da ação.

Sob a ditadura de Pinochet, cerca de 3.000 pessoas morreram ou desapareceram, enquanto outras 28 mil sofreram torturas, segundo dados oficiais.

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