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Muitas pessoas do mundo todo reconhecem o nome de Augusto Pinochet e muitas sabem que a Justiça chilena não conseguiu condenar o ex-ditador pelos abusos de direitos humanos cometidos durante o regime militar que durou de 1973 a 1990.

O que não se conhece bem é que, apesar de os processos contra Pinochet, 90, estarem parados, em parte devido ao estado de saúde dele, as cortes chilenas, nos últimos anos, condenaram discretamente 94 generais, coronéis e outros oficiais por crimes como tortura, assassinato e desaparecimento de prisioneiros políticos.

O Chile foi muito mais longe do que qualquer outro país da América Latina quando se trata de punir os envolvidos nas atrocidades cometidas durante o período em que a região era governada por regimes militares.

O ex-chefe do serviço secreto de Pinochet está na prisão junto com outras dezenas de pessoas. E mais de 400 dos ex-membros das forças de segurança do Estado estão sob investigação ou foram indiciados em 600 casos envolvendo 1.240 vítimas.

E, neste ano, os juízes esperam condenar várias pessoas bem como julgar apelações sobre sentenças anteriores.

- Este pode ser um ano decisivo. As cortes mais altas vão rever várias condenações e elas devem manter as punições, com penas duras - afirmou Alejandro Solis, um dos oito juízes especiais que se dedicam exclusivamente aos casos de abuso de direitos humanos.

O Chile, um dos países mais modernos e mais ricos da América Latina, caminhou bastante rumo a fechar as feridas deixadas pela brutal repressão de Pinochet aos esquerdistas depois de o presidente Salvador Allende, um político socialista, ter se matado durante o golpe liderado pelo futuro ditador, em 1973.

E a punição contra os membros dos servios de segurança é considerada um passo final importante.

- Depois disso, podemos aspirar a nos reconciliarmos como sociedade - disse Nelson Caucoto, um promotor da área de direitos humanos envolvido em dezenas de casos.

Pinochet deixou o poder em 1990 depois de ter perdido um referendo. Mas só dez anos mais tarde as cortes chilenas nomearam juízes especiais para resolver os casos de décadas atrás com a ajuda de uma unidade nacional de detetives composta por 70 membros e encarregada de encontrar testemunhas.

A unidade especial obteve grandes conquistas na perseguição a oficiais da Forças Armadas e a ex-membros da Dina (Departamento de Inteligência Nacional), convencendo vários deles a quebrar seu código de silêncio.

As confissões serão fundamentais para a resolução de uma das maiores investigações para a qual Solis dará um veredicto neste ano: os casos de tortura na Villa Grimaldi, o maior das dezenas de centros de tortura montados pelas Forças Armadas nos anos 70.

Estima-se que cinco mil pessoas foram torturadas na Villa Grimaldi - entre as quais a nova presidente chilena, Michelle Bachelet -, mas Solis está investigando apenas 23 casos específicos.

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