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Michelle Bachelet (ao centro) e familiares de vítimas da ditadura seguram retratos em cerimônia que lembrou o golpe de 1973 | Ivan Alvarado/Reuters
Michelle Bachelet (ao centro) e familiares de vítimas da ditadura seguram retratos em cerimônia que lembrou o golpe de 1973| Foto: Ivan Alvarado/Reuters

Memória

Em cerimônia, Michelle Bachelet volta ao local onde foi torturada

Efe

A ex-presidente do Chile Michelle Bachelet voltou ontem com sua mãe, Ângela Jeria, ao lugar onde ficaram detidas e foram torturadas após o golpe que Augusto Pinochet liderou em 1973 para derrubar o governo de Salvador Allende. Bachelet, candidata da oposição às eleições presidenciais de novembro, participou de um ato pelos 40 anos do golpe, realizado no Parque da Paz Vila Grimaldi, como se chama atualmente o antigo centro de extermínio e tortura administrado pelos sobreviventes. Durante o ato, em homenagem aos 229 prisioneiros assassinados ou desaparecidos nesse local, Bachelet estava visivelmente emocionada e, no final, ainda deixou um cravo vermelho no chamado Muro dos Nomes. "Uma ferida que se mostra suja e contaminada não se cura", declarou a ex-presidente, cujo pai, um general da Força Aérea que se opôs ao golpe de Pinochet, morreu na prisão em março de 1974. "Nunca me custou estar aqui", ressaltou a Bachelet após a cerimônia.

40 mil pessoas foram mortas, torturadas ou aprisionadas por razões políticas durante o regime militar no Chile. O governo estima que o total de mortos chegam a 3.095.

O golpe militar que derrubou o governo socialista de Salvador Allende e instituiu a ditadura do general Augusto Pinochet completa 40 anos hoje em meio a uma onda de protestos pedindo por melhorias sociais.

Agora, uma socialista deve assumir novamente o poder (a ex-presidente Michelle Bachelet, que lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições de 17 de novembro). Enquanto isso, uma geração nascida nos anos 1990, após o retorno do país à democracia, toma as ruas para exigir demandas sociais que Allende prometia. "Quarenta anos depois, ele é mais mencionado do que nunca pelos jovens, que inundam as ruas pedindo por educação livre e de qualidade", diz sua filha, a senadora Isabel Allende.

As revoltas do Chile se concentram contra um sistema universitário caro, instalado durante o regime militar de Pinochet, e contra uma grande diferença entre ricos e pobres, que emergiu das políticas econômicas de livre mercado.

Ascensão e queda

Allende foi o primeiro líder marxista eleito nas Américas, em 1970, ao vencer uma eleição com 36% dos votos e tendo diante de si um Congresso hostil. Após assumir, o presidente deu início ao que chamava de "o caminho chileno para o socialismo".

O projeto durou apenas dois anos. Pinochet, morto em 2006, fechou o Congresso, condenou partidos políticos à ilegalidade e enviou forças de segurança para agrupar e matar dissidentes suspeitos.

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