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Santiago (AFP) – O Chile decide hoje se elege a socialista Michelle Bachelet ou dá uma guinada à direta, como propõe o empresário multimilionário Sebastián Piñera. Se as últimas pesquisas eleitorais estiverem certas, Bachelet deve se tornar a primeira mulher presidente na América do Sul.

Ela estava cinco pontos à frente de Piñera na última sondagem divulgada pela imprensa chilena. Além disso, venceu facilmente o primeiro turno em dezembro, com 45,96% dos votos. Por outro lado, nunca ocupou um cargo eletivo, apesar de ter sido ministra da Saúde e da Defesa.

A mobilização popular é ilustrativa. O comício de encerramento da campanha de Bachelet, apoiada pelo presidente Ricardo Lagos, reuniu quinta-feira à noite mais de 150 mil pessoas e parou o centro da capital chilena. O ato final do candidato da oposição, Sebastián Piñera, atraiu cerca de 12 mil pessoas. A diferença encheu de otimismo a esquerda do país, que faz propaganda do fortalecimento da esquerda no continente.

Mas uma entrevista do ex-presidente do governo espanhol, Felipe González, que está no Chile para apoiar Bachelet, trouxe à tona uma outra discussão: de que esquerda se está falando? Perguntado pelo jornal El Mercurio sobre a "esquerdização da América Latina", González provocou: "Não estou certo de que está ocorrendo uma virada para a esquerda, no sentido como a entendo. Sinto-me próximo de uma esquerda como a representada por Lagos ou Bachelet, mas não me sinto próximo do que aparece como esquerda quando é defendida por Hugo Chávez (presidente da Venezuela)."

Outro fator que fez o debate se voltar para a política externa foram as declarações do candidato à Presidência do Peru, Ollanta Humala, líder nas pesquisas. "Creio que há uma política do governo chileno de prepotência e de se aproveitar da debilidade da classe política peruana", declarou, deixando claro que, esquerdista, vai se opor ao Chile, mesmo que Bachelet vença as eleições.

Michelle, uma ex-ministra da Defesa de 54 anos, quer se tornar a primeira mulher presidente de seu país e a sexta da América Latina; enquanto Piñera, cuja fortuna é calculada em US$ 1,2 bilhão, quer acabar com a saga de governos de centro-esquerda no Chile, que começou em 1990, com o fim da ditadura de Pinochet.

Um estudo da empresa Mori divulgado na quinta-feira, dia do encerramento da campanha, mostra que Michelle teria 53% dos votos válidos, contra 47% do rival. Apesar da diferença pequena, dentro da Concertación – soma de partidos de centro-esquerda que apóiam Michelle – o clima é de vitória. A Aliança para o Chile também se mostra confiante, apesar de se deixar abalar pelo apoio de Lagos a Bachelet.

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