A China anunciou na quarta-feira (5) seu maior aumento de gastos militares em três anos, num forte sinal de que o presidente Xi Jinping não está disposto a recuar da sua crescente beligerância na Ásia, especialmente em águas sob disputa.
O governo anunciou a intenção de aumentar o orçamento de defesa em 12,2% neste ano, chegando a 808,2 bilhões de yuans (US$ 131,6 bilhões), num momento em que a China busca desenvolver mais armas avançadas e incrementa suas defesas aéreas e costeiras.
O aumento ocorre após uma série quase ininterrupta de elevações anuais de dois dígitos no orçamento de defesa da China nas últimas duas décadas, o que deixa o país atrás apenas dos EUA em termos de volume.
"Essa é uma notícia preocupante para os vizinhos da China, particularmente o Japão", disse Rory Medcalf, analista regional de segurança no Instituto Lowy, uma entidade independente com sede em Sydney.
Para ele, quem imaginava que Xi - no cargo há cerca de um ano - priorizaria o desenvolvimento doméstico em vez da expansão militar "subestimou a determinação chinesa para moldar seu ambiente estratégico".
Recentemente, Xi também pediu à liderança militar chinesa para que acelerasse os preparativos do único porta-aviões do país.
O aumento anunciado para o orçamento militar é o mais alto desde os 12,7% de 2011.
Horas depois do anúncio, as autoridades do Japão e de Taiwan manifestaram preocupação com a ausência de detalhes sobre como Pequim gastará a verba militar. Pequim e Tóquio cada vez mais trocam farpas por causa de ilhotas desabitadas que são disputadas por ambos os países no mar do Leste da China.
Em resposta às críticas japonesas, Qin Gang, porta-voz da chancelaria chinesa, disse que os militares de seu país não se compõem de "escoteiros com lanças". "Alguns estrangeiros sempre esperam que a China seja um escoteiro-mirim", disse Qin. "Dessa forma, como podemos salvaguardar a segurança nacional e a paz mundial?"
Falando na sessão anual do Parlamento, o primeiro-ministro Li Keqiang disse que o governo vai "fortalecer a pesquisa sobre a defesa nacional e o desenvolvimento de novas armas e equipamentos de nova e alta tecnologia", a fim de "fortalecer as defesas fronteiriças, costeiras e aéreas".
Ele não entrou em detalhes sobre os gastos militares.