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A China disse na sexta-feira que o representante norte-americano na conferência climática de Copenhague é "extremamente irresponsável" ou não tem bom senso por ter dito que nenhuma ajuda climática dos EUA irá para a China.

O vice-chanceler He Yafei disse também que os países desenvolvidos precisam oferecer mais do que uma ajuda financeira de curto prazo, se quiserem que os países mais pobres adotem metas globais de redução das emissões de gases-estufa.

Todd Stern, enviado especial do governo Obama para a mudança climática, disse nesta semana que não "antevia" que verbas públicas norte-americanas chegassem à China.

O chinês He afirmou que isso era uma perigosa violação do princípio universalmente aceito de que as nações ricas têm de ajudar as nações pobres a se adaptarem a um mundo mais quente e a reduzirem suas emissões.

"Fiquei chocado, pessoalmente, ao ler o (comentário) do negociador americano," afirmou ele em entrevista coletiva. "Não quero dizer que o cavalheiro é ignorante, porque ele é muito bem educado, mas acho que lhe faltou bom senso ao fazer tal comentário com relação aos fundos para a China. Ou lhe faltou bom senso ou ele é extremamente irresponsável."

Ele comparou os países ricos às pessoas que comem num restaurante de luxo e recebem um amigo pobre para a sobremesa, e depois querem dividir a conta inteira.

"Não estamos pedindo doações. Eles têm responsabilidade jurídica, inclusive os EUA. Quem criou esse problema é o responsável."

A divisão entre países ricos e pobres paralisou a negociação de um acordo climático nas negociações de Copenhague, que seguem até 18 de dezembro. Na sexta-feira, porém, foi lançada uma proposta que revive a esperança de acordo.

Segundo essa proposta, as emissões globais deveriam ser reduzidas pelo menos à metade até 2050, em comparação com os níveis de 1990, mas omite detalhes sobre as verbas dos países ricos para ajudar as nações pobres a reduzirem suas emissões de gases-estufa e a se adaptarem ao aquecimento global.

No mesmo dia, a União Europeia ofereceu 7,3 bilhões de euros (10,8 bilhões de dólares) em ajuda para os próximos três anos, mas He disse que nem a verba da UE nem a proposta lançada em Copenhague agradam aos países em desenvolvimento.

"Duvido da sinceridade dos países desenvolvidos em seus compromissos," afirmou ele numa entrevista coletiva.

"Por que não estão falando num compromisso para fornecer verbas até 2050?"

He não quis comentar diretamente se a China deseja ajuda, mas disse que as nações mais ameaçadas seriam as primeiras a receber dinheiro, e acrescentou que Pequim planeja manter seus planos de controle de emissões, com ou sem ajuda externa.

"Se eu digo que renuncio ao direito de usar verbas dos países desenvolvidos, é contra aquele mesmo princípio que eu repetidamente enfatizei. Não quer dizer que estejamos pedindo verbas... as nações mais vulneráveis primeiro."

Ele lembrou que, a despeito do tamanho da economia chinesa, EUA e China são dois países muito diferentes, pois a China tem uma renda per capita relativamente baixa e 150 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza.

"Os EUA são parte do mundo desenvolvido. A China é parte dos países em desenvolvimento. Não se pode misturar os dois."

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