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Carga de produtos químicos é desembarcada no porto chinês de  Zhangjiagang | JOHANNES EISELE/AFP
Carga de produtos químicos é desembarcada no porto chinês de  Zhangjiagang| Foto: JOHANNES EISELE/AFP

A China disse, nesta quarta-feira, que irá impor tarifas a mais de US$ 16 bilhões em importações de automóveis e produtos da área energética dos Estados Unidos. É um claro sinal de que Pequim e Washington estão buscando o que pode ser um longo e feroz conflito comercial. 

A decisão foi tomada horas depois de o governo Trump confirmar planos para prosseguir com uma nova rodada de estabelecimento de tarifas alfandegárias, previamente anunciadas e no mesmo valor, sobre uma ampla variedade de produtos chineses. 

Os aumentos de tarifas resultam de reclamações do presidente Trump de que a China está adquirindo injustamente tecnologia americana por meio de joint-ventures coercitivas com empresas dos EUA, ciberroubo e outras violações de direitos de propriedade intelectual. 

Após meses de ameaças entre as duas potências econômicas, os funcionários da alfandega americana começaram a cobrar as primeiras tarifas dos importadores de produtos chineses em 6 de julho. A China retaliou imediatamente com tarifas similares sobre produtos americanos, incluindo soja, carne de porco e aves. A estratégia foi a de criar danos políticos para Trump, que tem um grande eleitorado na zona rural dos Estados Unidos. 

Quando as tarifas adicionais entrarem em vigor, em 23 de agosto, os dois lados terão imposto tarifas sobre US$ 50 bilhões nas importações do outro. 

Avanço 

Trump também está avançando nos planos para taxar mais US$ 200 bilhões em produtos chineses em setembro. Também ameaçou impor tarifas sobre todas as importações chinesas, que totalizaram US $ 505 bilhões no ano passado, a menos que a China capitule. 

A postura linha dura do governo americano está provocando dúvidas entre os republicanos do Congresso e os líderes empresariais, que temem que esta situação possa romper relações comerciais lucrativas. Sem conversas entre autoridades chinesas e americanas, analistas dizem que o uso de tarifas por parte de Trump pode estar sendo projetado para reverter um quarto de século de relações econômicas crescentes entre os dois países. 

Trump afirmou em seus últimos tuites que "as tarifas estão funcionando muito melhor do que se imaginava", ligando-as a uma queda de um quarto no valor das ações chinesas desde finais de janeiro. Mas, as empresas chinesas têm sofrido com a desaceleração do crescimento da economia. Elas também estão altamente endividadas.

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A China conseguiu duas vitórias concretas na guerra comercial, diz Jeff Moon, ex-negociador comercial dos EUA no governo Obama. 

Após reclamações de líderes chineses, Trump concordou em reverter uma ação que levaria a ZTE, uma importante companhia de telecomunicações estatal, a fechar as portas. E as agências reguladoras chinesas proibiram, no mês passado, a Qualcomm, líder norte-americana do segmento de telecomunicações, de concluir a compra da holandesa NXP, em um negócio avaliado em US$ 44 bilhões. Isto a tornaria um grande competidor para as empresas chinesas. “Até agora a China está ganhando de 2 a 0”, disse Moon. 

Em uma declaração na quarta-feira, o Ministério do Comércio da China acusou os Estados Unidos de "mais uma vez colocar leis domésticas acima das leis internacionais ao impor novas tarifas 'muito pouco razoáveis' aos produtos chineses". 

Resposta 

O anúncio da China é uma resposta direta aos novos impostos sobre produtos chineses importados para os Estados Unidos, anunciada na terça-feira. As novas tarifas, totalizando US$ 16 bilhões, serão cobradas de 279 produtos, incluindo motocicletas, turbinas a vapor e vagões ferroviários. 

Depois de meses de escalada, as comunidades empresariais nos países estão se perguntando quando e como o confronto comercial terminará. "A cada rodada sucessiva de tarifas, o presidente americano continua forçando Pequim a responder da mesma forma", disse James Zimmerman, sócio do escritório de advocacia internacional Perkins Coie em Pequim e ex-presidente da Câmara Americana de Comércio na China. 

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"Não há uma saída e Trump deu à China pouco espaço de manobra para chegar à mesa de negociações", disse ele. "Ao aumentar a aposta, Trump está, na verdade, exigindo publicamente uma rendição incondicional de Pequim."

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