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Pessoas atravessam rua em Teerã, capital do Irã.  China pretende intensificar relações comerciais com o país | Ali Mohammadi/Bloomberg
Pessoas atravessam rua em Teerã, capital do Irã.  China pretende intensificar relações comerciais com o país| Foto: Ali Mohammadi/Bloomberg

Linhas de trem de carga tem pequeno potencial para ser uma manchete global, contudo, um novo serviço lançado pela China pode ser diferente. Sua carga – 1.150 toneladas de sementes de girassol – pode ser banal, mas seu destino, é muito mais interessante: Teerã, a capital do Irã. 

O lançamento de uma nova conexão ferroviária ente Bayannur, no Norte da China, e o Irã foi anunciada na quinta pela agência chinesa Xinhua. O trajeto exato não foi divulgado, mas o tempo de viagem será encurtado, ao menos, em 20 dias, se comparado ao transporte marítimo. As sementes de girassol devem chegar na capital iraniana em duas semanas. 

Enquanto as sementes estão fazendo seu trajeto pela Ásia, há um risco crescente de Irã e Israel entrarem em um conflito aberto nesse período. 

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O presidente francês Emamanuel Macron disse que a decisão americana de sair do tratado nuclear iraniano pode levar à guerra, especialmente após o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, ter alertado que o país pode retomar seu programa nuclear se os Estados Unidos impuserem sanções. Ataques de foguetes iranianos na quarta-feira e a subsequente retaliação israelense, na quinta, indicam que a situação pode piorar rapidamente. 

Enquanto os Estados Unidos está pedindo que as companhias estrangeiras suspendam suas operações com o Irã, a China está fazendo diferente. O lançamento de uma conexão ferroviária na quinta-feira foi a última medida que Pequim tomou para intensificar as relações comerciais com o Irã e parece não ceder às exigências americanas. 

Manutenção de laços

Durante uma conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, disse que Irã e China manterão seus laços econômicos e comerciais. 

“Nós manteremos nossa cooperação normal e transparente com o Irã, considerando a não violação das nossas obrigações internacionais”, disse ele. A China enfrenta os mesmos problemas dos aliados americanos na Europa: se os governos europeus se opuserem às novas sanções contra o Irã, as suas empresas precisarão respeitar essa regra sob pena de multas pesadas por parte dos Estados Unidos. 

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Apesar de terem expressado seu descontentamento, autoridades europeias de alto escalão reconheceram que eles tem poucas opções para controlar os Estados Unidos, caso este decida punir empresas europeias por continuar negociando com o Irã. 

A China, contudo, parece desafiadora. Quando indagado se a China solicitaria que suas empresas deixassem de negociar com o Irã para evitar punições americanas, o porta-voz sinalizou que Pequim poderia desafiar a administração de Trump. “Quero frisar que o governo chinês se opõe à imposição de sanções unilaterais”, disse. 

Lições do passado

A China já conseguiu, até certo ponto, driblar as sanções americanas no passado e pode ser capaz de fazer o mesmo novamente. Alguns analistas sugerem que entidades chinesas podem agir como intermediárias para empresas europeias que pretendem manter os negócios com o Irã, mas temem violar as sanções impostas pelos Estados Unidos. Estas poderiam causar pesados danos a empresas europeias que também atuam nos Estados Unidos, como a fabricante de aviões Airbus. 

Falando à CNBC, o ex-diplomata Carlos Pascual disse que as vendas de petróleo do Irã via China ou Rússia para o resto do mundo podem driblar as medidas adotadas pelos Estados Unidos. 

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China também tem interesse em reforçar seus laços comerciais com o Irã. Teerã vende mais para a China do que para outro país e comemorou um crescimento de 25% nas exportações para lá no ano passado. O valor das exportações chinesas para o Irã também aumentaram 20%. 

Com a Europa potencialmente aproveitando o know-how chinês para driblar as sanções americanas, os Estados Unidos podem imaginar que o país que ficou isolado não é o Irã, mas sim, ele mesmo.

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