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Navio é carregado no porto de Xangai, na China | Qilai ShenBloomberg
Navio é carregado no porto de Xangai, na China| Foto: Qilai ShenBloomberg

A China abandonou as negociações comerciais com os Estados Unidos dias antes de o presidente Donald Trump comece a intensificar a batalha comercial com uma nova rodada de tarifas, segundo uma pessoa a par das discussões.

Autoridades chinesas cancelaram as negociações planejadas depois que Trump anunciou que iria impor novas taxações de até 10% sobre outros US$ 200 bilhões em importações chinesas, que entram em vigor nesta segunda-feira. Pequim prometeu contra-atacar aplicando tarifas de até 10% a mais em US$ 60 bilhões importados dos Estados Unidos. O Ministério do Comércio da China não respondeu imediatamente no sábado. 

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Pequim se preparava para enviar o vice-primeiro-ministro Liu He, a principal autoridade econômica do país, para Washington na próxima semana.  Era esperado que o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin supervisionasse as conversas, que foram convocadas na esperança de aliviar as tensões entre as duas maiores economias do mundo, disseram autoridades dos EUA. 

Sem preocupação

O esforço desmoronou uma semana depois que Trump tuitou que a Casa Branca não sentia "nenhuma pressão" para resolver a disputa com a China. Ele acusou o país de roubar propriedade intelectual de empresas americanas, entre outras infrações comerciais. "Não estamos sob pressão para fazer um acordo com a China, eles estão sob pressão para fazer um acordo conosco", escreveu ele, 

Analistas apontam que a notícia reflete o colapso no relacionamento internacional. "Esta é uma política arriscada que não beneficia ninguém e uma reflexão de que quatro décadas de relações construtivas entre EUA e China estão fora de controle", disse James Zimmerman, sócio do escritório internacional de advocacia Perkins Coie em Pequim e ex-presidente da Câmara Americana de Comércio na China. 

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Grupos da indústria americana na China pediram a Trump, no sábado, que reinicie as negociações, afirmando que os laços desgastantes entre os países são ruins para os negócios globais. "Encorajamos ambos os lados a retomar seriamente um diálogo orientado a resultados", disse Jake Parker, vice-presidente de operações da China no Conselho Empresarial Estados Unidos-China, que representa cerca de 200 empresas, incluindo a Pepsico, Apple e General Motors. 

O presidente chinês, Xi Jinping, recusou-se a aceitar as exigências da Casa Branca em meio a crescentes ameaças de Trump, que prometeu impor tarifas sobre praticamente tudo que os Estados Unidos compram da China se Pequim responder com as novas tarefas. 

Xi enfrenta a pressão pública para não se deixar intimidar pelas oscilações financeiras de Trump em seu país, dizem analistas, enquanto tenta provar que a China também é uma superpotência no cenário internacional. 

Próxima rodada

A próxima rodada de tarifas de Pequim, programada para entrar em vigor na segunda-feira ao meio-dia, tem como meta mais de 5,2 mil itens importadas dos Estados Unidos, incluindo peças industriais, produtos químicos e instrumentos médicos. "A fim de salvaguardar nossos legítimos direitos e interesses e a ordem global de livre comércio, a China terá que tomar contramedidas", disse o Ministério do Comércio do país em comunicado. "Lamentamos profundamente isto." 

As últimas imposições de Trump trazem mais incerteza ao status das negociações, disseram autoridades chinesas na época, sugerindo que o conflito econômico poderia se prolongar indefinidamente. 

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Na próxima semana, os Estados Unidos e a China podem estar dispostos a impor tarifas sobre todo intercâmbio de mercadorias, que supera US$ 635 bilhões por ano. Uma guerra comercial total desencadearia desemprego nos dois países, dizem economistas, bem como um aumento no custo dos produtos domésticos, incluindo roupas de cama, móveis, brinquedos, aparelhos de barbear e torradeiras. 

A próxima oportunidade de Trump de se encontrar com Xi é em novembro, na cúpula do Grupo dos 20 na Argentina. Ambos os líderes devem participar da conferência multilateral.

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