
Washington - A Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos criou um grupo de trabalho que avaliará as consequências da divulgação de milhares de documentos diplomáticos do Departamento de Estado por parte do site WikiLeaks, anunciaram diversas fontes esta quarta-feira. O diretor da agência, Leon Panetta, pediu ao grupo de trabalho que investigue se as últimas revelações de documentos por parte do WikiLeaks podem afetar as relações da agência no exterior ou suas operações, segundo explicou ontem George Little, porta-voz da CIA.
Apesar de poucos documentos divulgados citarem a central de inteligência norte-americana, a agência quer avaliar suas possíveis consequências, sobretudo no recrutamento de futuros informantes, que poderiam temer que suas indagações viessem à tona. Por isso, o grupo de trabalho, chefiado pelo serviço de contra-espionagem da CIA, recompilará todos os documentos, a grande maioria confidencial, publicados pelo WikiLeaks nas últimas semanas.
Segundo uma fonte que pediu ao jornal Washington Post para não ser identificada, o vazamento de documentos da diplomacia norte-americana pode servir para que o governo dos Estados Unidos restrinja mais sua política de compartilhar informações confidenciais. Parte dos documentos divulgados pelo WikiLeaks pertencem ao servidor Secret Internet Protocol Router Network (SIPRNet), uma rede que permite aos departamentos de governo dos Estados Unidos partilharem melhor suas informações.
Bradley Manning, um jovem soldado que está detido, é suspeito de ter passado os documentos ao WikiLeaks, uma vez que tinha acesso ao servidor como analista.
Lula
Novos documentos divulgados ontem pelo jornal espanhol El País revelam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu à Venezuela para pedir que Hugo Chávez "baixasse o tom" com os EUA. Segundo o relatório da diplomacia norte-americana, Dirceu disse ter sido enviado por Lula em uma reunião com John Danilovich, então embaixador dos EUA em Brasília. O ex-chefe de gabinete brasileiro teria pedido que o presidente venezuelano "deixasse de brincar com fogo", embora Chávez tenha continuado a criticar contundentemente os EUA e o então chefe de Estado norte-americano, George W. Bush.
O embaixador explicou a Dirceu que a posição de Washington em relação a Chávez era de não contestar o venezuelano para não precisar dar explicações. "As provocações de Chávez contra os EUA prejudicam os interesses nacionais da Venezuela e são motivos de preocupação para o Brasil e outros países vizinhos", escreveu Danilovich.
Ainda segundo o relatório, Dirceu teria prometido comunicar Chávez de que todos os EUA, e não apenas a Casa Branca, começavam a ver Caracas como um problema e que "essa tensa situação não beneficiava nem ele e nem seu país".



