• Carregando...
Seis islâmicos de Lunel, na França, morreram em combate na Síria, 10% do total de combatentes franceses mortos | Nanda Gonzague para The New York Times
Seis islâmicos de Lunel, na França, morreram em combate na Síria, 10% do total de combatentes franceses mortos| Foto: Nanda Gonzague para The New York Times

Quando esta pitoresca cidade do sul da França com apenas 25.700 habitantes soube, no final do ano passado, que seis muçulmanos locais tinham morrido combatendo pelo islã na Síria, formando 10% do número total de franceses mortos nesse país, o prefeito, de direita, pediu ajuda ao líder da mesquita local.

"Preciso de sua ajuda e você da minha para pôr fim nisso", o prefeito, Claude Arnaud, se lembra de ter dito a Lahoucine Goumri, então presidente da mesquita Al Baraka, em Lunel. "Concordamos que ele daria uma declaração à imprensa."

Ele o fez. Mas, em vez de condenar o aumento no número de jovens recrutas, Goumri disse que a culpa principal era do presidente François Hollande.

O líder religioso afirmou que não cabia a ele denunciar os jihadistas quando ninguém protestava contra cidadãos franceses que viajavam a Israel para ajudar o Exército a "matar bebês palestinos". "A escolha é deles. Não cabe a mim julgá-los."

Lunel ainda se esforça para entender como a cidade conseguiu esta dúbia distinção de criadouro de jihadistas. Recentemente, a polícia francesa prendeu cinco pessoas na cidade suspeitas de envolvimento em uma rede de recrutamento de combatentes para ir à Síria.

Pelo menos três deles eram frequentadores da mesquita de Al Baraka. Investigadores alertam diversas vezes que determinadas cidades e ruas tendem a concentrar inusitadamente grande número de jihadistas.

Mas a situação de Lunel mostra será difícil identificar as forças que levam os jovens islâmicos franceses ao extremismo, mesmo que as autoridades enfrentem pressões para extirpar redes que levaram mais de mil franceses à Síria e ao Iraque.

Muitos em Lunel voltaram sua atenção a Goumri e à mesquita Al Baraka. Em um momento ou outro, todos os jovens que partiram de Lunel para a Síria frequentaram a mesquita.

A Frente Nacional francesa, partido de extrema direita que conquistou 37% dos votos em Lunel nas eleições de maio para o Parlamento Europeu, considera que já passou da hora de tomar medidas contra a mesquita.

Recentemente os fiéis da mesquita escolheram outro presidente para tomar o lugar de Lahoucine Goumri, que decidiu não se candidatar novamente.

Mas a questão urgente permanece: descobrir "por que, em determinado momento, desta cidade, que tem problemas sociais e econômicos não mais graves que os de muitos lugares, tantos jovens partiram para a Síria", disse o vereador Philippe Moissonnier, do Partido Socialista.

Taher Akermi, assessor em um centro cultural para jovens, financiado pelo poder público, conhecia a maioria dos seis jovens mortos na Síria e disse que a partida deles para travar a jihad o deixou perplexo.

Segundo ele, os jovens muçulmanos de Lunel enfrentam problemas diversos, entre os quais um desemprego de 40%. "Mas só porque você não tem trabalho, isso não quer dizer que você vai se explodir ou travar jihad."

Rachid Benhadj, o novo presidente da mesquita, ainda não declarou sua posição publicamente, e alguns fiéis na mesquita insistem que não há necessidade de uma direção nova.

O vice-prefeito Pierre Souljol comentou acerca de Rachid Benhadj: "Ele parece um morador local como outro qualquer. Vamos torcer para que ele ajude a acabar com essa cadeia de transmissão que está enviando jovens para morrer como buchas de canhão."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]