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Uma sonda espacial detectou enormes depósitos de gelo no pólo sul de Marte, num volume suficiente para cobrir o planeta com 11 metros de água se estivesse em estado líquido, disseram cientistas na quinta-feira.

Os cientistas usaram um radar ítalo-americano a bordo da sonda Mars Express, da Agência Espacial Européia, para avaliar a profundidade e o volume dos depósitos de gelo em torno do pólo sul marciano, cobrindo uma área maior que a da Bahia.

Os depósitos, com até 3,7 quilômetros de espessura, estão sob uma capa polar de dióxido de carbono e água congelados. Abaixo disso, o material parece ser composto 90 por cento de gelo, com poeira misturada, segundo as conclusões publicadas na revista Science.

Os cientistas já sabiam da existência de gelo nos pólos de Marte, mas não tinham uma noção tão precisa da quantidade. Conhecer a história da água no planeta é crucial para entender se um dia houve vida ali, mesmo que microbiana. A presença de canais no solo marciano sugere que já houve água líquida.

Jeffrey Plaut, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa em Pasadena, Califórnia, que dirigiu o estudo, disse que as mesmas técnicas estão sendo usadas no pólo norte de Marte, onde os dados preliminares indicam a presença de uma quantidade comparável de gelo.

``A vida tal qual a conhecemos exige água e, na verdade, água líquida ao menos de forma breve para que as células sobrevivam e se reproduzam. Então, se esperamos encontrar vida em Marte, precisamos ir a um local onde a água esteja disponível'', disse Plaut.

``Então as regiões polares são naturalmente um alvo, porque certamente sabemos que há bastante H2O ali.''

Alguns dos novos dados sugerem até a possível existência de uma fina camada de água líquida sob o gelo, na base dos depósitos.

Embora as imagens feitas pela sonda Mars Global Surveyor e divulgadas em dezembro ao público já indicassem a presença de pequenas quantidades de água líquida na superfície, os pesquisadores estão surpresos com o destino de todo o resto da água - as calotas polares contêm quase toda a água conhecida do planeta.

Plaut disse que, a julgar pelas marcas geológicas, o planeta poderia no passado estar coberto com uma lâmina de centenas de metros de água, enquanto a calota polar representa uma camada de apenas dezenas de metros, quando espalhada sobre todo o planeta.

``Continuamos com a questão: para onde foi toda aquela água?'', indagou. Segundo ela, o que está nos pólos representa talvez 10 por cento do total, e o resto pode estar sob a superfície ou talvez tenha se perdido parcialmente no espaço por meio da atmosfera.

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