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Miami (AFP) – Os nove furacões e oito tempestades tropicais registrados em pouco mais de meia temporada no Atlântico criaram um recorde e parecem confirmar que, nas próximas décadas, haverá cada vez mais furacões, e cada vez mais intensos, segundo os cientistas. Nunca antes as autoridades meteorológicas americanas haviam registrado tantas tempestades no início da temporada, que começa em 1.º de junho, nem furacões tão intensos quanto o Dennis e Emily, que alcançaram a categoria 4 na escala Saffir-Simpson (de cinco) no início da temporada, antes de qualquer outro.

Diferentes cientistas concordam em alguns motivos para isto, sendo o principal a alta temperatura da água do oceano, principal combustível dos furacões. Mas as divergências consistem nas causas desta temperatura mais elevada. Enquanto alguns sustentam que ela se deve a padrões cíclicos naturais, outros sugerem que ela poderia ser produto do aquecimento global.

William Gray, especialista da Universidade Estatal do Colorado, diz em sua previsão anual que o período de alta atividade de furacões iniciado em 1995 está mais ligado a flutuações nas correntes marinhas, que aumentam a temperatura do oceano e facilitam a formação de tempestades. Segundo especialistas, estamos diante de um ciclo de pelo menos duas décadas e meia, durante o qual a atividade de furacões será intensa e, em conseqüência, estes fenômenos atmosféricos irão atingir o continente freqüentemente.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica americana prevê para este ano de 18 a 21 tempestades tropicais, entre elas de 9 a 11 furacões, e disse que esta será uma das temporadas mais ativas de que se tem notícia. Gray concorda e indica que haverá 20 tempestades, quando a média é de 10, e 10 furacões, quando a média é de 6. A temporada mais ativa até hoje foi a de 1933, quando houve 21 tempestades, seguida de 1995, com 19 tempestades.

Este ano, a alta atividade é semelhante a dos anos 30, segundo Gray, "um período de forte aquecimento global semelhante ao da década passada". Muito discutida entre os especialistas, a fonte do aquecimento global pode ser um ciclo natural ou um fenômeno provocado pelo homem.

Kerry Emanuel, especialista do Instituto Tecnológico de Massachussetts (MIT), afirma que os efeitos do aquecimento, natural ou artificial, já são sentidos na intensidade dos furacões. Em um estudo publicado recentemente, Emanuel pesquisou a intensidade e duração de 500 tempestades no Atlântico e 800 no Pacífico de 1950 a 2004, e verificou que elas são cada vez mais fortes e demoradas. O especialista criou um índice para calcular a potência consumida por um furacão, e disse que "há uma tendência geral para a alta, particularmente nos últimos 30 ou 40 anos".

Emanuel acrescentou que a intensificação está relacionada às temperaturas cada vez mais altas do oceano, e que, no futuro, o aquecimento poderia aumentar "o potencial de destruição dos ciclones tropicais e, levando em conta o aumento da população litorânea, um aumento substancial dos prejuízos".

A intensificação dos furacões é um dos temas que os meteorologistas se esforçam para entender, após dominarem a técnica para prever sua freqüência e determinar suas rotas. "Acho que meu maior medo é ir para a cama me preparando para um furacão de categoria 1 ou 2, e me levantar para ver um de categoria 4 ou 5", diz Max Mayfield, diretor do Centro Nacional de Furacões, com sede em Miami.

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