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A Colômbia desmantelou seus grandes cartéis de drogas e capturou seus chefões, mas a polícia admite que grupos menores e mais discretos estão substituindo-os e podem ser mais perigosos e difíceis de localizar.

O Exército prendeu nesta semana Diego Montoya, que estava escondido numa propriedade rural e é acusado de dirigir o poderoso cartel Norte do Vale. Foi o maior golpe do governo na guerra contra as drogas em pelo menos dez anos.

Mas o colapso dos grandes cartéis, como os de Cali e Medellín, famosos na década de 1990, abriu o mercado para grupos menores.

"Agora temos uma espécie de pequenos clãs familiares no lugar [dos cartéis]. E os traficantes de droga mudaram", disse à Reuters Rafael Parra, subdiretor da Polícia Nacional colombiana, que está no Rio de Janeiro para uma conferência latino-americana de segurança.

"Ao invés de desfilar suas extravagâncias, como mansões suntuosas, roupas e as mulheres que os acompanham, os carros que guiavam - todas as coisas que chamavam a atenção -, hoje temos um adversário com um perfil diferente, mais discreto, e isso torna nosso trabalho muito mais difícil."

Apesar dos bilhões de dólares enviados por Washington para o combate às drogas, a Colômbia continua sendo o maior produtor mundial de cocaína, exportando cerca de 600 toneladas por ano para EUA e Europa.

"Além disso, o fato de serem pequenos não significa que produzam menos violência e conflitos, pelo contrário", disse Parra, que apesar disso prevê um declínio de 25 por cento no tráfico de cocaína a partir da Colômbia neste ano.

Washington solicitou formalmente a extradição de Montoya, disse o governo colombiano na quarta-feira. Ele deve ser enviado aos EUA ainda neste ano para responder por acusações de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e homicídio.

"É como o começo do fim para esses mitos sobre os grandes 'capos' [chefes] da droga", disse Parra sobre a captura de Montoya.

Embora a "guerra às drogas" esteja longe do fim, a Colômbia conseguiu avanços significativos na redução da criminalidade - uma experiência que o Brasil está ávido em aprender, especialmente no Rio, onde quadrilhas de traficantes controlam muitas das mais de 600 favelas.

O Rio tem uma das maiores taxas de homicídios da América Latina, quase 40 a cada 100 mil habitantes, mais do que o dobro de Bogotá, onde no começo da década de 1990 o índice estava em torno de 80 homicídios por 100 mil habitantes.

"[O Brasil precisa fazer] ataques frontais em pontos violentos, e depois disso a polícia e as autoridades precisam continuar ali. Não há razão em entrar e depois sair", disse o ex-comandante nacional da polícia colombiana Jorge Castro.

Entidades de direitos humanos criticam a forma como a polícia costuma invadir favelas cariocas com violência, para em seguida sair e permitir que os traficantes retomem suas disputas.

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