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A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) aprovou nesta quarta-feira (9) uma declaração conjunta condenando as “medidas coercitivas unilaterais” que restrinjam o comércio internacional. A decisão foi tomada durante a IX Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do bloco, realizada em Tegucigalpa, capital de Honduras, e contou com o apoio de 30 dos 33 países membros. Argentina, Paraguai e Nicarágua se posicionaram contra o documento e decidiram não endossá-lo, contudo, não impediram sua publicação.
A rejeição das sanções econômicas foi incluída no segundo ponto do texto, que afirma literalmente: “Rejeitar a imposição de medidas coercitivas unilaterais, contrárias ao Direito Internacional, incluídas as restritivas ao comércio internacional”. A linguagem usada no comunicado reflete a posição de países aliados de regimes autoritários da região, que há anos enfrentam sanções por violações de direitos humanos e ataques à democracia.
O chanceler de Honduras, Enrique Reina, que atua como porta-voz da presidência temporária da CELAC, confirmou que Argentina, Paraguai e Nicarágua não apoiaram o texto final, e que esses países “exporão seus motivos para isso ao final da Presidência Pro Tempore” dos hondurenhos.
Além da questão das sanções, o texto da CELAC reforça o papel do bloco como "espaço de articulação política" entre os países da região. No primeiro ponto da declaração, os membros reafirmam “seu compromisso com o fortalecimento da CELAC” e com os entendimentos firmados nas cúpulas anteriores. O documento também ressalta a defesa do “multilateralismo, da proteção dos direitos humanos, da democracia e do Estado de Direito como pilares das relações regionais”.
No total, oito pontos compõem o documento, nomeado de “Declaração de Tegucigalpa”. Entre eles, também está o apoio à candidatura de um representante da América Latina ou do Caribe ao cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O documento afirma que, dos nove secretários-gerais que a ONU teve até agora, apenas um foi de um país da região, e que o cargo “nunca foi ocupado por uma mulher”. O mandato do atual secretário-geral da ONU, António Guterres, se encerra em dezembro de 2026.
No documento, os países também reafirmaram apoio à estabilidade do Haiti, que atravessa uma grave crise política e de segurança, e se comprometeram a “contribuir decididamente, conforme as capacidades de cada país, a apoiá-lo em seus esforços, junto com a comunidade internacional e as Nações Unidas, para restabelecer um ambiente de segurança humana para a normalização da situação política, econômica e social”.
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