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A declaração final da conferência global da ONU sobre Aids prometeu mais do que dobrar o financiamento ao combate contra a doença. Após debates acalorados durante a madrugada, o texto foi concluído na manhã desta sexta-feira, incluindo termos mais detalhados sobre a prevenção e a necessidade de usar preservativos.

Embora a declaração não seja de cumprimento obrigatório, ela serve de diretriz para governos e ativistas. O documento afirma que até 2010 serão necessários US$ 23 bilhões ao ano para combater a Aids, mais do que o dobro dos US$ 8,3 bilhões gastos atualmente. O texto prometeu garantir os recursos adicionais de modo a assegurar o acesso universal ao tratamento até 2010.

Os Estados Unidos e outros países fizeram objeções ao estabelecimento de metas financeiras, apesar de Washington ser de longe o maior colaborador único em recursos para a prevenção e o tratamento da doença.

Em relação às mulheres, a linguagem é mais forte do que a usada na declaração de 2001, mas é mais amena no ponto que trata da possibilidade de meninas de menos de 18 anos tomarem decisões sozinhas sobre sua sexualidade.

- O comprometimento com os direitos das mulheres tornou-se motivo de controvérsia, em vez de ser reconhecido como um componente essencial de uma pandemia que cada vez mais transforma-se em um problema feminino - disse a indiana Aditi Sharma, da ActionAid Internacional, com sede na África do Sul.

O texto fala abertamente da necessidade de incluir "grupos vulneráveis" em todos os planos de prevenção, em referência a homossexuais, prostitutas e usuários de drogas injetáveis.

Mas, assim como em 2001, os diplomatas, especialmente os de alguns países latino-americanos conservadores e de nações islâmicas, recusaram-se a especificar quem é "vulnerável".

- Liderar significa encontrar maneiras de atingir todos os grupos, sejam jovens, profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis ou homens que mantêm relações sexuais com homens - disse o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

- As pessoas têm de saber como a Aids é transmitida, e cada governo tem a obrigação de educar seus cidadãos - disse a primeira-dama americana, Laura Bush, no terceiro e último dia da conferência, cujo objetivo foi criar diretrizes para a próxima década no combate à doença e na ajuda aos 40 milhões de infectados. - É por isso que todos os países precisam melhorar a alfabetização, especialmente de mulheres e meninas, para que elas possam aprender a tomar decisões sensatas que as manterão saudáveis e seguras.

Os comentários da primeira-dama visavam o excesso de pudor em relação ao sexo que predomina nos encontros diplomáticos e em muitos governos, para irritação dos mais de mil ativistas que participaram da conferência.

Cerca de 25 milhões de pessoas morreram em decorrência da Aids desde 1981.

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