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Um relatório divulgado nesta segunda-feira pela FAO, a agência das Nações Unidas para a alimentação, diz que houve pouco progresso na redução da fome no mundo. A Cúpula Mundial de Alimentação estabeleceu, há dez anos, a ambiciosa meta de cortar pela metade o número de famintos até 2015, na época estimado em 800 milhões.

Hoje ainda há cerca de 854 milhões de desnutridos ao redor do mundo, a maioria deles concentrados na África - que viu o número de desnutridos aumentar nos últimos anos. O Brasil, no entanto, mostrou avanços significativos no combate à fome, reduzindo o número de pessoas desnutridas de 18,5 milhões em 1990-1992 para 14,4 milhões em 2001-2003, uma diminuição de 12 para 8% da população.

De acordo com o economista sênior da FAO, Kostas Stamoulis, o sucesso do país se deve a uma combinação de duas estratégias: um modelo de crescimento econômico que reduz a desigualdade e a criação de programas sociais de distribuição de renda para os que não conseguem se inserir na economia.

- Países muito dependentes da agricultura sempre estão vulneráveis a choques, mas tenho uma posição otimista em relação ao Brasil. Programas como o Fome Zero e o Bolsa Família são iniciativas que ainda devem refletir positivamente nos números futuros - diz Stamoulis.

O Brasil está no grupo de países latino-americanos que estão caminhando na direção certa, segundo a FAO, mas no continente há exemplos ainda mais bem sucedidos. Cuba, Guiana e Peru, por exemplo, já atingiram ou ultrapassaram as metas estabelecidas na Cúpula de 1996.

- Enquanto alguns países na América Latina têm características semelhantes a de economias desenvolvidas, outros ainda precisam avançar muito. A desigualdade impede o acesso a recursos. Quando este problema é resolvido, tudo funciona melhor - afirma Kostas Stamoulis.

Apesar dos números nada alentadores no cenário mundial, a FAO alerta que o crescimento populacional acabou fazendo com que o percentual de pessoas desnutridas caísse de 20 para 17% nos países em desenvolvimento desde 1990-92. A agência da ONU insiste que a meta da FAO - de reduzir para 412 milhões o número de famintos no mundo - ainda poderia ser alcançada até 2015 desde que haja comprometimento político e ação imediata, tanto dos governos locais quanto da iniciativa privada.

- Há dez anos, os participantes da Cúpula de Roma já haviam enfatizado a urgência da tarefa (de erradicar a fome no mundo), cuja principal responsabilidade recai sobre os governos individuais, mas para a qual a cooperação com organizações internacionais e a sociedade civil - nos setores público e privado - é fundamental - diz o documento.

O combate à fome é o tema de um encontro organizado pela FAO, iniciado nesta segunda-feira, em Roma, com a presença de representantes de 120 países, para avaliar o progresso feito até agora em direção às metas estabelecidas para 2015.

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