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 | Gustavo Camacho/Efe
| Foto: Gustavo Camacho/Efe

Talvez exista uma preocupação excessiva na comunidade internacional de que minha eleição, de certa forma, signifique uma volta às velhas práticas do meu partido, o Partido Revolucionário Institucional (PRI), ou uma redução no comprometaimento dos esforços do México contra o crime organizado e as drogas. Tais temores podem ser descartados.

Esta campanha foi centrada em dois pontos. Primeiro, na melhoria das condições econômicas de milhões de mexicanos esforçados cujas vidas diárias foram afetadas pelo crescimento econômico anêmico, o qual, segundo o Instituto Nacional de Estatística, teve uma média de 1,7% entre 2000 e 2010. Em segundo lugar, representou um fim à polarização que paralisou nossa política, impossibilitando as necessárias reformas urgentes no setor energético, mercado de trabalho, educação e segurança social, para mencionar somente alguns. Não podemos mais adiar essas mudanças.

Àqueles que estão preocupados com a volta das práticas antigas, peço para não temerem. Com 45 anos, faço parte de uma geração de políticos do PRI comprometidos com a democracia. Rejeito as práticas do passado, da mesma forma que busco me distanciar da paralisia política do presente. O objetivo da minha geração não é a ideologia nem o apadrinhamento, mas o sucesso mensurável, libertando os mexicanos da pobreza. Foi assim que governei o estado do México, o mais populoso do país, entre 2005 e 2011.

Vou governar com um realismo pragmático e estratégia clara e de longo prazo. Países em desenvolvimento como Índia, China e Brasil mostraram o caminho para uma mitigação significativa e duradoura da pobreza por meio de reformas institucionais e políticas econômicas centradas no crescimento. Está na hora de essas melhorias acontecerem no México.

Quero encarar a questão do crime organizado e do tráfico de drogas. Não pode haver trégua nem negociação com os criminosos. Eu respeito o presidente Felipe Calderón por seu compromisso em pôr um fim nesse flagelo; eu continuarei a luta, mas a estratégia deve mudar. Com mais de 60 mil mortes nos últimos seis anos, críticas consideráveis de grupos de direitos humanos e progresso discutível em deter o fluxo de drogas, as políticas atuais devem ser reexaminadas.

O que deve ser aprimorado é a coordenação entre as autoridades que combatem o crime nos níveis federal, estadual e municipal. Vou criar uma Guarda Nacional de 40 mil pessoas, uma força policial similar às existentes em países como Colômbia, Itália e França, para atuar nas áreas rurais mais violentas. Vou aumentar a polícia federal em pelo menos 35 mil oficiais e reforçar a coleta e análise de informações. Vou consolidar as forças policiais estaduais e municipais e fornecer maior supervisão federal, para eliminar a corrupção dentro de seus quadros. Vou propor uma reforma abrangente da lei criminal.

Entretanto, para tais medidas de segurança terem um impacto de longo prazo, a comunidade internacional deve entender duas coisas. Primeiro, essas iniciativas devem estar alinhadas com profundas reformas econômicas e sociais. Não existe segurança sem estabilidade. Em segundo lugar, outras nações, particularmente os Estados Unidos, precisam agir mais para restringir a demanda por drogas.

Pretendo dar início a uma nova era de cooperação econômica e política com a região do Pacífico Asiático e fortalecer nosso relacionamento com a União Europeia. E como maior país do mundo de língua espanhola, o México tem um grande papel a desempenhar – econômica, cultural e politicamente – na América Latina e no Caribe.

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