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Morteiros foram lançados no centro de Mogadíscio no domingo, e Uganda informou que um soldado da sua força de paz foi morto em meio ao conflito de soldados etíopes e somalis contra rebeldes, que já dura quatro dias.

Líderes de clãs e extremistas islâmicos pediram uma segunda trégua, mas centenas de soldados etíopes estariam chegando na cidade, segundo testemunhas, e não houve diminuição do conflito, que já matou um grande número de civis.

Corpos jaziam em ruas empoeiradas, já que seria perigoso demais retirá-los em meio à violência. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que é a pior onda de combates na capital costeira em mais de 15 anos.

Tanques etíopes e helicópteros armados atacavam áreas rebeldes, enquanto rebeldes islâmicos e soldados de milícias de clãs contra-atacavam com metralhadoras, mísseis e granadas disparadas por foguetes.

As forças de paz de Uganda, enviadas para comandar as forças da União Africana no mês passado a fim de ajudar o governo interino da Somália a restaurar a estabilidade, ficaram espremidas em meio aos combates locais, especialmente em locais estratégicos, como portos e aeroportos.

"Nossas tropas estavam guardando o complexo presidencial no sábado quando foram atingidas por morteiros. Um de nossos soldados foi morto", disse o porta-voz das Forças Armadas de Uganda, major Felix Kulayigye, em entrevista à Reuters por telefone de Kampala. Cinco soldados ficaram feridos.

Outros ataques de rebeldes ferindo dois ugandenses geraram temores em outros países africanos de enviar mais homens para reforçar as forças da UA, que deveria somar 8.000 homens, segundo planos iniciais. Burundi, Malawi, Gana e Nigéria haviam prometido enviar tropas.

Um porta-voz do Exército nigeriano disse que seus soldados estavam prontos para ir, uma vez que detalhes sejam acertados com a UA. Ele não forneceu uma data para o envio.

Os combates se desencadearam no domingo com uma grande quantidade de tiros disparados em bairros residenciais em torno do estádio de futebol - foco do conflito desde que a ofensiva etíope foi lançada, na quinta-feira.

Massacre

Centenas de soldados chegaram na cidade no domingo como reforço das forças etíopes, passando pela periferia em cerca de 40 caminhões, anunciou a emissora independente somali Shabelle.

Mais reforços cruzaram a fronteira da Etiópia, ainda segunda a emissora.

O conflito deu fim a uma breve trégua entre os etíopes e os líderes do clã dominante na cidade, os hawiyes.

Líderes hawiye divulgaram uma nota no domingo pedindo um cessar-fogo, a retirada das tropas etíopes e ajuda internacional para enterrar os mortos e tratar os feridos.

Fontes de segurança disseram que a UA estava tentando arranjar mais negociações entre os dois lados, mas enfrentava o problema de uma profunda desconfiança mútua entre as partes.

Os hawiyes pediram que as Nações Unidas, os Estados Unidos, a União Européia e a Liga Árabe pressionem a Etiópia a cessar os ataques.

"O que está acontecendo na cidade é um massacre total contra os civis," disse um porta-voz do clã.

Tiroteios intensos continuaram pela cidade durante todo o dia. Centenas de pessoas ficaram feridas e milhares escaparam da cidade.

Na sexta-feira, rebeldes derrubaram um helicóptero etíope com um míssil. Vários soldados etíopes mortos foram arrastados pelas ruas e queimados.

Mesmo que Addis Abeba pareça determinada a combater os rebeldes, muitos especialistas dizem que os ataques poderiam ter o efeito oposto, virando os somalis contra seu vizinho cristão, ou atraindo muçulmanos jihadistas estrangeiros.

Apesar dos combates, o governo interino da Somália ainda acredita que uma reunião de reconciliação entre líderes de clãs, políticos e líderes de milícias vá acontecer na data marcada de 16 de abril.

É a 14a tentativa de restaurar um poder central na Somália desde 1991, quando o chamado Chifre da África afundou na anarquia, depois da queda do ditador Mohamed Siad Barre.

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