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Erbil – Pelo menos 32 rebeldes curdos e 17 soldados turcos morreram ontem em choques perto da fronteira turco-iraquiana, numa das jornadas mais sangrentas desde que o separatista Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) começou a luta armada há 23 anos.

O ataque foi lançado pelo PKK, segundo o Estado Maior turco, em Hakari, região turca próxima da fronteira com o Iraque, contra uma patrulha militar. Um porta-voz do grupo rebelde em Erbil (norte do Iraque) assegurou que, ao contrário, teriam sido as tropas turcas que tentaram infiltrar-se no território sob seu controle.

Os rebeldes afirmam ter capturado um grupo indeterminado de soldados turcos durante a ação, o que foi negado pelo ministro turco da Defesa, Vecdi Gonul. "Fizemos um grupo como prisioneiros e anunciaremos seu número mais tarde", disse Abdel Rahmán al Chadirchi, encarregado das relações exteriores do PKK na cidade iraquiana de Erbil.

O ataque foi registrado apenas quatro dias após o Parlamento turco autorizar o seu exército a entrar em território iraquiano, se necessário. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou imediatamente uma reunião de crise para a noite de ontem com os mais altos responsáveis civis e militares em Ancara, presidida pelo chefe de Estado Abdullah Gül. "Decidiremos na reunião que tipo de medidas serão adotadas", declarou Erdogan à imprensa em Istambul, depois de votar no referendo constitucional.

O comandante do Estado Maior, general Yasar Buyukanit, assim como outros ministros e comandantes militares de alta patente participam da reunião. "No que diz respeito à operação fronteiriça, tomaremos todas as medidas necessárias decorrentes da autorização (parlamentar)", declarou Erdogan. "Temos planos para cruzar a fronteira" mas uma incursão militar no norte do Iraque "não está prevista de forma urgente", confirmou o ministro da Defesa, Gonul, depois de se encontrar com o colega americano, Robert Gates. Até agora, os Estados Unidos vêm se mostrando opostos taxativamente a uma intervenção turca no Iraque.

Gonul acrescentou que havia sugerido a Gates "uma ação contra o PKK". Os confrontos continuavam ao cair a tarde, com helicópteros de combate em apoio aos militares "que perseguem os terroristas", enquanto a artilharia pesada "bombardeia intensamente 63 alvos", disse o Estado Maior turco no comunicado.

A Turquia acusa o PKK de manter bases no Curdistão iraquiano, onde estariam refugiados pelo menos 3.500 rebeldes. Dezessete civis resultaram feridos em outro incidente – a explosão de mina perto do ônibus em que viajavam, em Daglica, perto da fronteira iraquiana. Em Bagdá, o Parlamento iraquiano votouontem moção de condenação à ameaça militar turca, ao mesmo tempo em que exigia do PKK que abandonasse seu território.

O Parlamento pediu ao governo que "tome as medidas adequadas" para expulsar os rebeldes curdos, mas o presidente do Iraque, o curdo Jalal Talabani, declarou domingo que "nunca" entregará à Turquia os chefes do PKK.

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