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Começou na quinta-feira o julgamento de 29 suspeitos de envolvimento nos atentados de 11 de março de 2004 contra os trens de Madri, a pior ação já realizada pela Al Qaeda na Europa, que matou 191 pessoas.

Centenas de policiais cercaram o prédio de tijolos do tribunal madrilenho, ainda de madrugada. Uma rádio local qualificou este como ``um dia histórico, pelo qual todos esperávamos''. O El País, principal jornal espanhol, disse que se trata ``do julgamento do maior massacre islâmico na Europa''.

Nove espanhóis e 20 árabes, todos homens, enfrentam acusações que variam de ligação com grupo terrorista a furto de dinamite de minas no norte do país para a venda aos militantes, muitas vezes em troca de drogas.

Por causa do julgamento e da proximidade do aniversário do ataque, a Espanha elevou de baixo para médio o seu grau de alerta contra o terrorismo. ``A operação de segurança é espetacular. Não dá para acreditar quanta vigilância existe e não se vê'', disse uma fonte judicial.

O primeiro réu a depor será Rabei Osman Sayed Ahmed, acusado de incitar as pessoas a realizarem o ataque. Ele é um dos quatro supostos ideólogos do grupo, segundo o Ministério Público.

Ahmed, também conhecido como ``Mohamed, o Egípcio'', foi condenado no ano passado na Itália por ligação com grupo terrorista. Em seguida, foi extraditado para ser julgado na Espanha.

``Será muito difícil provar que ele teve qualquer responsabilidade pelos ataques'', disse Luca D'Auria, que defendeu Ahmed na Itália e participa da sua equipe jurídica em Madri.

``As evidências contra ele foram recolhidas em Milão, e não há provas de que ele tivesse qualquer contato com os organizadores, com os outros acusados pelo ataque'', disse D'Auria à Reuters.

Dois dos outros quatro supostos mentores do ataque também serão julgados. O quarto era um dos sete suspeitos que cometeram suicídio quando cercados pela polícia em um apartamento, semanas depois dos atentados.

A investigação sobre o ataque, que também feriu 2.000 pessoas e desencadeou a derrota eleitoral do governo da época, foi marcada por teorias conspiratórias. Na quinta-feira, o jornal conservador El Mundo manteve uma campanha destinada a provar que o grupo separatista basco ETA teve ligação com o atentado.

A tese do envolvimento basco foi lançada pelo governo direitista da época imediatamente depois dos atentados, que ocorreram a três dias das eleições gerais no país. Logo em seguida, porém, ficou claro que os ataques tinham sido cometidos por militantes islâmicos indignados com a participação espanhola na guerra do Iraque - envolvimento militar que contrariava a opinião pública do país. O caso acabou sendo determinante na vitória eleitoral do Partido Socialista, que ao tomar posse retirou as tropas do Iraque.

As audiências judiciais devem durar até julho, quando os três juizes do caso devem se retirar para analisar as provas, voltando com as sentenças só a partir de outubro.

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