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Beppe Grillo, o “antipolítico” | Daniele Mascolo/EFE
Beppe Grillo, o “antipolítico”| Foto: Daniele Mascolo/EFE

"Bonecas"

Partido de Berlusconi divulga manifesto assinado por mulheres

Reuters

O partido de Silvio Berlusconi convidou partidárias para assinar um manifesto dizendo que sua decisão de votar nele não as tornava merecedoras de ridicularização.

"Eu sou uma mulher, não uma boneca", começa o manifesto no site do partido e impresso em um anúncio de página inteira nos principais jornais da Itália.

Críticos acusam o ex-primeiro-ministro de escolher políticas mulheres com base na aparência, e explorar atrizes de pouca roupa em seus programas de televisão.

Mas mesmo com Berlusconi em julgamento por acusação de ter tido relações sexuais com uma prostituta menor de idade nas festas "Bunga Bunga", muitas mulheres de meia idade permanecem entre as suas partidárias mais leais.

O líder de centro-esquerda Pier Luigi Bersani, cotado para ganhar a eleição no domingo e na segunda-feira, acusou Berlusconi de tratar as mulheres como "bonecas infláveis".

Mas o partido Povo da Liberdade (PDL), de Berlusconi, respondeu a Bersani, tacitamente acusando-o de machismo.

"Vamos votar em Berlusconi, e estamos cansadas de sermos consideradas mulheres de segunda classe por causa disso", dizia o manifesto que foi assinado por mulheres que vão de donas de casa a gestoras de empresas, com fotografias de três mulheres sorridentes.

"Quero me livrar dessa classe política que infesta a Itália. Não quero ser um novo (Silvio) Berlusconi, como muitos dizem. Quero apenas ser um vetor das mudanças."

Beppe Grillo, em entrevista à revista Época.

A ascensão de um comediante populista e boca-suja e o ressurgimento político de Silvio Berlusconi tornaram imprevisível o resultado da eleição italiana do fim de semana, que pode não resultar no governo forte de que o país necessita.

A Itália, terceira maior economia da zona do euro, está mergulhada na sua mais prolongada recessão nos últimos 20 anos. Sucessivos governos não conseguiram fazer a economia nacional decolar nesse período.

A insatisfação popular com o desemprego recorde, especialmente entre os jovens, com os aumentos tributários e com as dificuldades italianas, junto com uma recente onda de casos de corrupção, alimentaram o apoio ao alternativo Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo.

Hábil no uso da internet, Grillo tem atraído multidões para vê-lo gritar até ficar rouco sobre os palanques, em discursos cheios de palavrões dirigidos à desacreditada classe política.

Alguns analistas dizem que o 5 Estrelas pode se tornar o terceiro maior partido no Parlamento, com cerca de 20 por cento dos votos, à frente inclusive do Povo da Liberdade (PDL), de Berlusconi.

O ex-premiê, de 76 anos, passou a maior parte de 2012 à sombra, acuado por um escândalo sexual e por suspeitas de corrupção, depois de ser escorraçado do poder no auge da crise financeira nacional, em 2011.

Mas desde dezembro Berlusconi voltou à ativa, atacando em aparições televisivas as medidas de austeridade impostas por seu sucessor, o tecnocrata Mario Monti. Com isso, ele reduziu à metade a vantagem de dez pontos porcentuais que o centro-esquerdista Pier Luigi Bersani registrava nas pesquisas.

Grande comunicador – e amparado em seu império televisivo –, Berlusconi está conquistando muitos votos com a promessa de restituir o valor pago em um odiado imposto sobre habitação criado por Monti. Adversários dizem que essa promessa equivale a uma compra de votos.

Incógnitas

Especialistas afirmam que o resultado mais provável seria um governo chefiado por Bersani e apoiado por Monti, mas a ascensão de Grillo e Berlusconi, e o mau desempenho eleitoral do atual premiê, causam inquietação quanto à chance de que a Itália tenha um governo forte e comprometido com reformas.

Adversários de Bersani também dizem que ele seria incapaz de chegar a um acordo com Monti sobre as reformas, e que seria tolhido por sindicatos e grupos esquerdistas, algo que seu partido nega.

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