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Presidente dos EUA, Donald Trump, e a primeira-dama, Melania Trump, dançam no baile do Museu Nacional da Construção seguindo a posse de  Trump como o 45º Presidente dos Estados Unidos, em Washington, DC. | JIM WATSON/AFP
Presidente dos EUA, Donald Trump, e a primeira-dama, Melania Trump, dançam no baile do Museu Nacional da Construção seguindo a posse de Trump como o 45º Presidente dos Estados Unidos, em Washington, DC.| Foto: JIM WATSON/AFP

Procuradores federais de Nova York emitiram intimações nesta segunda-feira (4) para que o comitê de posse do presidente Donald Trump entregue documentos sobre doações e atividades, em investigação que apura pagamento em troca de favores políticos, incluindo a contribuição de estrangeiros.

Leis americanas proíbem contribuições estrangeiras a campanhas federais, comitês de ações políticas e arrecadação de fundos para a posse.

Uma porta-voz do comitê confirmou o recebimento das intimações nesta segunda e afirmou que a demanda estava sendo analisada.

Segundo o jornal The New York Times, um advogado que trabalhou com o comitê de posse recebeu uma intimação nesta segunda. Os alvos eram documentos relacionados a todos os doadores do comitê e os participantes do evento, além de benefícios distribuídos, como ingressos e oportunidades de tirar fotos com o presidente. Também precisou entregar outros documentos, nomes de fornecedores e contratos, segundo fontes ouvidas pelo Times.

A intimação especificamente busca comunicações envolvendo um doador, o investidor e empresário Imaad Zuberi, assim como a empresa a que ele é afiliado, a Avenue Ventures. A companhia doou US$ 900 mil ao comitê de posse.

Investigações

A intimação marca uma escalada na investigação aberta por procuradores no final do ano passado em meio a uma análise do comitê de posse. Em investigação separada, o escritório da Procuradoria dos EUA no Brooklyn apura se estrangeiros teriam canalizado ilegalmente doações ao comitê de Trump usando laranjas para disfarçar as doações, proibidas por lei.

Como parte da investigação, os procuradores de Manhattan estudam a possibilidade de o comitê de posse ter prestado falso testemunho à comissão eleitoral federal, segundo fontes do jornal. É crime conscientemente prestar depoimentos falsos ou fraudulentos a uma agência federal. 

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O comitê de posse divulgou uma lista de doadores à comissão, e os procuradores estão confirmando se a relação está completa. Se um nome de doador for omitido do relatório, poderia chamar a atenção dos investigadores.

O comitê de posse foi presidido por Thomas Barrack, amigo próximo do presidente. A investigação surgiu a partir do processo envolvendo Michael Cohen, ex-advogado de Trump. Ele deve começar a cumprir pena de três anos no próximo mês após se declarar culpado de uma série de crimes, entre eles acusações relacionadas a financiamento de campanha, nas quais ele implicou o presidente.

Em buscas realizadas no escritório de Cohen, em sua casa e no quarto de hotel em que ele estava ficando, em abril do ano passado, agentes do FBI buscaram o celular do ex-advogado de Trump, que tinha cerca de 200 registros de voz, a maioria mensagens de voz. Em uma gravação, Trump falou com Cohen sobre o pagamento a uma mulher que alegava ter tido um caso com o republicano, o que ele nega.

Em outra gravação, Cohen fala com Stephanie Winston Wolkoff, ex-assessora da primeira-dama Melania Trump. Ela trabalhou em uma empresa que organizou a posse. Na conversa, Wolkoff manifesta preocupação sobre como o comitê estava gastando o dinheiro.

O preço da posse

O comitê de posse discriminou US$ 61 milhões pagos a fornecedores, dos US$ 103 milhões gastos, e não forneceu detalhes dessas despesas, de acordo com formulários de impostos. Como organização não lucrativa, o fundo só precisa divulgar seus cinco maiores fornecedores.

O comitê de Trump levantou mais que o dobro da organização responsável pela posse do ex-presidente Barack Obama, em 2009. Os recursos para o republicano vieram principalmente de doadores ricos e empresas, que deram US$ 1 milhão ou mais – incluindo o bilionário do ramo de cassino Sheldon Adelson, e empresas como AT&T e Boeing.

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O principal fornecedor para o comitê foi a empresa de eventos WIS Media Partners, comandada pela ex-assessora de Melania. A empresa, criada 45 antes da posse, recebeu US$ 25,8 milhões, o maior valor pago a um fornecedor.

Wolkoff e sócios receberam US$ 1,6 milhão desse total. O resto foi destinado a terceirizados.

O comitê diz ter gasto US$ 77 milhões em conferências, convenções e encontros, US$ 4 milhões em ingressos, US$ 9 milhões em viagens, US$ 4,5 milhões em salários, entre outros gastos.

Os eventos da posse incluíram um concerto no Lincoln Memorial, recepções, bailes de inauguração e outros encontros privados.

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