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Um dos supostos mentores dos atentados de 11 de março de 2004 contra os trens de Madri condenou na quinta-feira, primeiro dia do seu julgamento, o ataque que matou 191 pessoas, o pior já cometido pela Al Qaeda na Europa.

Advogados e vítimas lotaram o plenário para ouvir os depoimentos dos 20 árabes e nove espanhóis, todos homens, que são acusados por delitos como homicídio terrorista e furto de explosivos de minas para sua venda aos militantes em troca de drogas.

Rabei Osman Sayed Ahmed, acusado de ser um dos idealizadores do ataque, disse que ``obviamente'' os condena de forma ``completa e incondicional''. ``Esta é minha claríssima e absoluta convicção'', disse Ahmed, que está recorrendo da sentença do ano passado da Justiça italiana que o condenou por ligação com grupo terrorista.

Ahmed, conhecido como ``Mohamed, o Egípcio'', negou na quinta-feira ter qualquer ligação com a Al Qaeda e outro grupo militante islâmico.

``Graças a Deus sou muçulmano, mas pratico minha religião de forma normal, não de forma extremista'', disse Ahmed, por meio de um intérprete, ao tribunal, aonde compareceu usando jeans e casaco branco.

O Ministério Público o acusou de incitar pessoas a cometerem os atentados e pediu que ele seja sentenciado a mais de 38 mil anos de prisão - embora na Espanha o período máximo na prisão seja de 40 anos.

Outros dois dos quatro supostos mentores dos atentados devem ser julgados logo em seguida. O quarto estava no grupo de sete suspeitos que cometeu suicídio quando cercado pela polícia em um apartamento nos arredores de Madri, semanas depois do ataque. Ahmed nega conhecê-los.

Parentes e amigos dos mortos e várias das cerca de 2.000 pessoas que ficaram feridas naquele 11 de março estavam na quinta-feira no tribunal. Uma equipe de psicólogos estará à disposição durante as audiências, previstas para durarem cinco meses.

``Foi realmente difícil. Senti uma dor profunda, raiva e impotência quando os vi sentados ali'', disse Conchi Madrigal, que perdeu um amigo nos atentados.

Os 18 suspeitos já detidos foram mantidos em uma caixa de vidro à prova de balas, enquanto os outros 11, sob liberdade, ficaram sentados no plenário. Todos se declararam inocentes.

Eva Girón, que perdeu o companheiro quando a filha de ambos tinha quatro meses de idade, disse ter ido até a jaula de vidro chamar os réus de ``bastardos''. ``Eu simplesmente precisava fazer isso, precisava olhá-los nos olhos'', afirmou.

O processo será retomado na sexta-feira com a audiência de Youssef Belhadji, acusado de ser o homem que aparece em um vídeo reivindicando os atentados, em vingança contra o apoio do governo espanhol da época às guerras dos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão.

Após os três juízes do caso tomarem os depoimentos dos 29 acusados, eles passarão a ouvir mais de 600 testemunhas e cem especialistas. Em seguida, vão se retirar para considerar as provas, e só devem divulgar as sentenças a partir de outubro.

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