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Um homem posiciona a bandeira da Inglaterra ao lado da União Européia em um evento do bloco em janeiro de 2016. As relações entre o país e o bloco estão estremecidas. | EMMANUEL DUNAND/Arquivo/AFP
Um homem posiciona a bandeira da Inglaterra ao lado da União Européia em um evento do bloco em janeiro de 2016. As relações entre o país e o bloco estão estremecidas.| Foto: EMMANUEL DUNAND/Arquivo/AFP

Existem diversos cenários do que pode acontecer se a Inglaterra deixar a União Europeia. O Fundo Monetário Internacional previu recentemente repercussões negativas para a economia global. Em outros lugares da Europa, governos temem que outros países possam seguir o mesmo caminho se a Inglaterra sair. Mas pode haver outro efeito colateral, mais inesperado: menos bebês bilíngues.

Na quarta-feira, a iniciativa pró-União Europeia #INtogether divulgou um relatório cuja conclusão é de que programas de intercâmbio foram responsáveis por pelo menos 1 milhão de bebês desde os anos 1980. O programa de intercâmbio mais popular da Europa, o Erasmus, começou em 1987 e desde então tem atraído milhões de participantes.

“Eu chamo isso de uma revolução sexual”, foi como o falecido escritor italiano Umberto Eco descreveu o programa Erasmus em uma entrevista concedida ao jornal La Stampa em 2011. “Um jovem catalão encontra uma garota flamenca – eles se apaixonam, eles se casam e se tornam europeus, assim como seus filhos. A ideia do Erasmus deveria ser compulsória – não só para os estudantes, mas também para taxistas, encanadores e outros trabalhadores”. “O Erasmus criou a primeira geração de jovens europeus”, Eco disse em 2011.

Tal entusiasmo vindo dele e de outros explica porque os ingleses pró-União Europeia fazem tanta questão de lançar luz sobre os bebês Erasmus da Europa: eles representam uma Europa que estava cada vez mais crescendo junto até recentemente – em vez de se desintegrando.

Os programas de intercâmbio Erasmus são usualmente abertos para todos os estudantes que estejam matriculados em instituições de ensino superior há pelo menos um ano. Os participantes geralmente não pagam mensalidades no exterior e podem até receber fundos adicionais da União para cobrir seus custos de vida.

Quase 90 mil pessoas responderam à pesquisa de 2014 – a mais recente e mais extensiva tentativa de examinar o impacto de programas de intercâmbio. Alguns dos resultados são surpreendentes: 13% dos europeus que estudaram em seus países de origem acabaram tendo um relacionamento duradouro com um estrangeiro, mas para estudantes que foram para o exterior a probabilidade de ter um parceiro com uma nacionalidade diferente era o dobro, de acordo com o relatório, elaborada pela Comissão da União Europeia.

Com base nas taxas de fertilidade médias, os pesquisadores calcularam que os relacionamentos iniciados em intercâmbios entre países europeus devem ter resultado em cerca de um milhão de bebês desde que o Erasmus começou, um argumento que veio a calhar para o movimento pró-União Europeia na Inglaterra.

“A Europa é sobre mais do que comércio – é sobre família”, #INTogether comentou no Twitter quarta-feira, refletindo um sentimento comum entre muitos que participaram do Erasmus.

Poucas pessoas provavelmente listam programas de intercâmbio como uma das maiores vantagens de ser parte da União Europeia, mas os defensores da União tem recorrentemente enfatizado seu papel em ajudar europeus a superar fronteiras físicas e psicológicas – particularmente depois da queda do Muro de Berlim.

Apesar de as universidades britânicas receberem desproporcionalmente mais estudantes do Erasmus que as demais, os próprios ingleses têm sido mais relutantes em ir para o exterior.

Razões

De acordo com a fundação educacional com sede em Londres British Council, há muitas razões para ir para o exterior: “Sim, você vai se divertir muito, e sim, você vai ter a experiência de como é viver em uma cultura completamente diferente, mas intercâmbio é sobre adquirir novas habilidades que te farão mais empregável no futuro.”

“Você vai conhecer novas pessoas, aprender uma língua, e terá algo um tanto especial em seu currículo que o ajudará a se destacar”, os autores do relatório enfatizaram.

E, em mais de um milhão de casos, o intercâmbio também pode ter contribuído para as pessoas terem bebês.

Tradução: Pedro de Castro
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