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Cerca de seis meses depois do início da operação contra o regime de Muamar Kadafi, a comunidade internacional se reuniu nesta quinta-feira com membros do Conselho Nacional de Transição da Líbia (CNT) para ajudá-los a empreender com seus próprios meios a reconstrução do país.

Delegações de 70 países e organizações internacionais, inclusive nações opostas ou com reservas à intervenção militar no passado, mostraram uma frente comum que começou com o anúncio da devolução ao país dos bens bloqueados pela resolução do Conselho das Nações Unidas.

De maneira "imediata", segundo disse o presidente francês, Nicolas Sarkozy, serão descongelados US$ 15 bilhões, mas todos os participantes concordaram em pôr à disposição das autoridades rebeldes, "o mais rápido possível", o resto de bens bloqueados no exterior, cuja quantia total é avaliada em US$ 50 bilhões.

Ainda que o combate não tenha terminado, a declaração final do encontrou considerou que "a queda de Kadafi é certeira", e que, até que o líder líbio continue sendo uma ameaça para a população, a Otan manterá os bombardeios.

A nota acrescentou que corresponde aos líbios decidir seu futuro e o do ditador uma vez que seja localizado, apesar de adiantar que a ONU "exercerá um papel central para coordenar os esforços internacionais em apoio à transição política e à reconstrução".

Sarkozy e o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, impulsores deste encontro e co-presidentes do mesmo, estiveram ladeados na apresentação desta declaração pelo presidente do CNT, Mustafa Abdel Jalil, pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e pelo emir do Catar, Sheikh Hamad Bin Khalifa Al Thani.

"A população líbia demonstrou a todo o mundo que queria democracia e liberdade, e que é um povo muçulmano que respeita todos os compromissos", ressaltou Abdel Jalil.

Evitar represálias foi uma das necessidades ressaltadas não apenas por esses interlocutores, mas também por outros como a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, segundo a qual a melhor maneira de ajudar o país a empreender a transição rumo à democracia é conseguir a reconciliação com as forças de Kadafi.

Mesmo que o tema ainda não tenha sido levantado, ninguém duvida que esses países terão uma participação grande na reconstrução das infraestruturas locais - tão grande quanto o lucro gerado por essas operações.

O jornal francês "Libération" informou nesta quinta-feira que o CNT teria assinado um "acordo secreto" com a França pelo qual, em troca de seu respaldo "total e permanente" durante o conflito, garantiria 35% do total do petróleo bruto do país a empresas francesas, algo não confirmado por nenhuma das partes.

As discussões nesta reunião, segundo Ban Ki-moon, foram "muito ambiciosas e amplas", e em curto prazo "a necessidade mais imediata é como tramitar os desafios humanitários", como o retorno ao país das pessoas que o abandonaram após o início do conflito.

O representante da ONU anunciou o envio de uma missão civil da organização na Líbia "o mais breve possível" para trabalhar com as novas autoridades na definição dessas urgências.

Foi acordado igualmente que, "agora que as operações militares chegam ao fim", o Grupo de Contato cumpriu seus objetivos e será substituído por um "Grupo dos Amigos da Nova Líbia", cuja primeira reunião acontecerá no final de setembro em Nova York.

O encontro serviu também para saudar "a volta da Líbia ao seio da comunidade internacional e seu compromisso ativo na região", e, por essa razão, foi solicitado que a ONU considere a delegação do CNT como "representante legítimo de seu povo".

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