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Liberdade de imprensa

Para entidade empresarial, fim da concessão é castigo]

Caracas – A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), grupo que reúne os donos de meios de comunicação do continente, qualificou de "castigo" a decisão oficial de não renovar a licença ao canal privado RCTV. A decisão violaria a declaração de Chapultepec, pela qual "a renovação das concessões não deve ser um castigo ou um prêmio por sua linha de informação", disse Gonzalo Marroquín, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP.

Marroquín, em visita a Caracas, declarou que "todos os Governos com tendências autoritárias, totalitárias tentam aplacar os meios de comunicação". María Alejandra Díaz, do Ministério de Comunicação, considerou "muito grave" que "convidados" emitam "opiniões na política interna de um país", defendendo o "desrespeito à legislação" e "tachando o Governo de tirânico".

Caracas – Policiais metropolitanos e manifestantes contrários ao fim da concessão da RCTV se enfrentaram ontem à tarde nas ruas de Caracas. Os confrontos ocorreram quando faltavam poucas horas para o fim das transmissões da emissora oposicionista, marcado para as 23h59 locais (0h59 de Brasília).

O confronto ocorreu quando milhares de manifestantes tentavam chegar à sede da Comissão Nacional de Televisão (Conatel), órgão encarregado de administrar as concessões de rádio e tevê. A tropa de choque da Polícia Metropolitana, controlada pelo governo local chavista, impediu a aproximação montando barreiras com grades de metal, bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água.

Funcionários da emissora, sem esperança de um recuo de Chávez, deram adeus aos seus telespectadores com uma pauta especial, reunindo os melhores momentos e programas transmitidos pela emissora em seus 53 anos de existência

No centro da cidade, o governo do presidente Hugo Chávez patrocinou um ato com seis palcos para esperar as transmissões da Televisora Venezuelana Social (Tves), emissora recém-lançada por Chávez para ocupar o canal 2. A estréia estava prevista para a 0h15 de hoje, com a execução ao vivo do Hino Nacional venezuelano.

Em seguida, deveria ser transmitido o filme "Bolívar Eterno'', longa-metragem produzido pela Fundação Villa del Cine, estúdio estatal criado no ano passado para "combater a ditadura de Hollywood'', segundo Chávez.

O jornal de maior circulação do país, "Ultimas Noticias'', circulou ontem com sua capa envolta por um encarte da Tves, incluindo a programação. O destaque é a novela argentina "Padre Corage''.

Com o desaparecimento da RCTV, não haverá mais nenhuma emissora de tevê crítica a Chávez de alcance nacional. A única tevê abertamente oposicionista a partir de amanhã, a Globovisión, pode ser visto apenas em Caracas.

A concorrente da RCTV, Venevisión, do empresário Gustavo Cisneros, tem feito uma cobertura pró-Chávez. Na sexta-feira, a Conatel renovou sua concessão até 2012.

O fim da RCTV é rejeitado pela maioria da população, segundo institutos de opinião do país. No último levantamento, feito pela empresa Hinterlaces – que previu a vitória eleitoral de Chávez no ano passado –, o rechaço chega a 80%.

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