Confrontos entre palestinos e a polícia israelense eclodiram, neste domingo, antes do funeral de um palestino que jogou o carro contra uma multidão de pedestres, matando duas pessoas, incluindo um bebê de três meses, na quarta-feira.
Na noite deste domingo, uma mulher equatoriana de 22 anos, que tinha ficado gravemente ferida no ataque, não resistiu aos ferimentos e morreu, informou o hospital Hadassah, de Jerusalém.
Policiais fortemente armados usaram bombas de gás lacrimogênio para repelir centenas de palestinos que participavam do "funeral simbólico" de Abdelrahman Shaludi, o palestino de 21 anos, morto pela polícia enquanto fugia a pé após lançar o próprio carro contra a multidão. Além dos dois mortos, outras seis pessoas ficaram feridas, em um ato que a polícia israelense denunciou como um "ataque terrorista" deliberado.
Esperava-se que a polícia devolvesse o corpo de Shaludi à sua família e permitisse a participação de apenas 20 pessoas no funeral, às 19h (21h Brasília), segundo determinação judicial.
Jawad Siyyam, ativista de Silwan, onde mora a família do palestino, disse que autoridades israelenses ameaçaram sepultar o rapaz caso não aceitassem as condições.
A família recusou estes termos, mas finalmente os dois lados concordaram que 70 pessoas pudessem assistir ao funeral, segundo Siyyam.
Um porta-voz da polícia confirmou que o corpo será devolvido à família, mas negou que o número de participantes permitido tenha chegado a 70.
Funeral simbólico
Já no domingo, a família celebrou o que denominou de "funeral simbólico" em homenagem ao "mártir" Shaludi, em Silwan, um setor palestino sensível, próximo à Cidade Antiga de Jerusalém.
Centenas de palestinos participaram da cerimônia, conduzindo um caixão vazio e recitando orações, antes de tentar chegar ao complexo da mesquita de Al-Aqsa, epicentro de recentes tensões.
A polícia informou ter detido uma pessoa nos confrontos em Silwan. Em outras partes de Jerusalém oriental, a polícia deteve dois jovens em Issawiya por atirar pedras.
O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse que as forças de segurança de Jerusalém foram reforçadas com um efetivo extra de mil policiais e guardas de fronteira, inclusive forças especiais.
"Não vamos permitir que a realidade de Jerusalém se torne a de atirar pedras, bombas incendiárias e distúrbios", acrescentou.
Netanyahu culpou "elementos extremistas islâmicos" por estar atrás das tentativas de "incitar a capital de Israel".
"Usaremos toda a força necessária, de forma resoluta e responsável, para assegurar que não tenham sucesso", prometeu.
Confrontos têm ocorrido desde a quarta-feira em toda a Jerusalém Oriental, que tem sido cena de violência noturna crescente desde que um adolescente palestino foi morto por extremistas judeus, em julho.
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