• Carregando...

Líderes dos dois partidos do Congresso dos Estados Unidos - democratas e republicanos - anunciaram nesta terça-feira que impulsionarão este ano medidas para flexibilizar o embargo a Cuba, embora tenham reconhecido que elas poderão ser vetadas pelo presidente, George W. Bush.

A legisladora republicana Jo Ann Emerson e o democrata James McGovern afirmaram que, apesar do possível veto presidencial, os parlamentares promoverão medidas para suspender as restrições de viagem e propiciar uma maior abertura política em Cuba.

- Acho que temos uma oportunidade um pouco melhor para realizar algumas mudanças gradativas (na política externa para Cuba), mas não acho que estejamos diante de algo enorme - disse Emerson, ao descrever algumas das iniciativas que o grupo legislativo "Cuba Working Group" promoverá este ano.

Emerson e McGovern participaram de um fórum do grupo de estudo "Conselho de Relações Exteriores" para analisar as condições sociais, econômicas e políticas na ilha. Os dois parlamentares fizeram parte de uma delegação de dez congressistas que viajou para Cuba em dezembro para avaliar a situação na ilha em vista da crise de saúde do presidente Fidel Castro, que delegou provisoriamente suas funções a seu irmão Raúl em julho de 2006.

Embora nenhum dos legisladores tenha se reunido com Castro ou com membros da dissidência, os dois concordaram em afirmar que Cuba já empreendeu uma transição, e lamentaram que a administração Bush não tenha consultado o "Cuba Working Group" sobre o tema.

McGovern reconheceu que, enquanto Bush for presidente, as possibilidades de uma mudança são mínimas, mas ressaltou que a melhor estratégia frente ao Executivo seria apresentar emendas a projetos de lei relacionados, por exemplo, com a dotação de fundos federais e que sejam difíceis de vetar.

Entre suas prioridades estão a suspensão das restrições de viagem, o fomento de oportunidades nos setores bancário e de finanças, mais intercâmbios culturais e a colaboração em assuntos relacionados à imigração e à interceptação de carregamentos de drogas, explicou Emerson.

Ele acrescentou que outra meta do grupo é tirar Cuba da lista de nações que apóiam o terrorismo, elaborada pelo Departamento de Estado. Emerson afirmou que não acredita que o país caribenho "seja terrorista" e disse que as duas nações "têm muito em comum".

A inclusão de Cuba nessa lista negra responde a razões meramente políticas, acrescentou. McGovern também disse que, este ano, haverá "mais ações legislativas do que nunca" porque "não há dúvidas, esta política fracassou".

Não é a primeira vez que congressistas dos dois partidos tentam acabar com o embargo imposto pelos EUA há mais de 40 anos à ilha, mas, McGovern se declarou "absolutamente" confiante nas chances de o Congresso, agora sob domínio democrata, conseguir mudanças neste sentido ainda em 2007.

Os cubanos "tiveram uma abertura política --muito mais do que em 1979-- não por causa dos EUA, mas graças às suas relações com europeus, canadenses e japoneses", disse McGovern. "É hora de uma mudança", insistiu, após minimizar a importância do apoio político e econômico da Venezuela à ilha.

Os EUA mantêm o embargo contra Cuba desde 1960, o que, segundo os congressistas, serviu de desculpa para o governo de Castro justificar sua fracassada política econômica e a repressão dos dissidentes.

O governo Bush, entretanto, descarta fazer mudanças em sua política externa até que haja uma transição democrática em Cuba.

- Primeiro, é preciso que haja reformas em Cuba, quem têm que mudar a política são os cubanos. Queremos e pedimos uma democracia, eleições, a libertação de presos políticos e liberdade de expressão - disse o secretário de Comércio dos EUA, Carlos Gutiérrez.

- Reconhecemos que o futuro de Cuba está nas mãos dos cubanos, não nas mãos da política de Washington, mas quem tem que mudar são as pessoas do regime cubano - acrescentou.

Por outra parte, McGovern declarou que pouco se sabe sobre o verdadeiro estado de saúde de Fidel porque "a inteligência americana sobre Cuba não é tão boa quanto os serviços de segurança cubanos", que consideraram a doença de Fidel "segredo de Estado".

- Os funcionários americanos nos disseram que Fidel tem câncer e que está morrendo, mas isso tem sido dito desde 1979 - disse McGovern, após afirmar que não tem provas de que toda a população cubana quer uma mudança de líder.

As especulações sobre a deterioração da saúde de Fidel foram alimentadas na última semana após a publicação de uma reportagem no jornal espanhol "El País" que afirmava que o líder passou por três cirurgias fracassadas recentemente.

O médico espanhol que atendeu Fidel em Cuba no mês passado afirmou, no entanto, que o líder cubano não tem câncer e que está se recuperando. Fidel não é visto em público desde julho de 2006, quando se afastou do poder devido a uma cirurgia de emergência no intestino. Raúl Castro, irmão do líder, assumiu o governo interinamente e está no poder desde então.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]