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Eleições

Conselho admite fraude, mas repressão no Irã aumenta

Guarda Revolucionária iraniana diz estar pronta para “limpar o país dos conspiradores e hooligans"

Reprodução do vídeo em que mostra médico socorrendo uma jovem, de nome Neda, atingida por tiros | YouTube/AFP
Reprodução do vídeo em que mostra médico socorrendo uma jovem, de nome Neda, atingida por tiros (Foto: YouTube/AFP)

Ao mesmo tempo em que o Conselho de Guardiães do Irã, máxima instância constitucional do país, admitiu fraude na eleição de 12 de junho, a repressão aos protestos contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad aumentou. A Guarda Revolucionária, corpo de segurança de elite, afirmou ontem que dará uma "resposta revolucionária e decisiva’’ aos manifestantes que "causarem distúrbios e enfrentarem as forças de segurança’’.

"As Guarda Revolucionária, os basijis (milícia islâmica vinculada à Guarda) e as outras forças de ordem e segurança estão dispostas a executar uma ação decisiva e revolucionária para (...) dar fim ao complô e aos distúrbios (...) e limpar o país destes conspiradores e hooligans’’, afirma um comunicado citado pelas agências de notícias Mehr e Irna.

Esta é a primeira vez que a Guarda Revolucionária, considerada o Exército ideológico do regime iraniano, faz uma advertência de tom tão radical desde o início das manifestações após a controversa reeleição de Ahmadinejad em 12 de junho passado.

A Guarda Revolucionária está sob o controle direto do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.

O corpo foi criado inicialmente para defender os líderes da Revolução Islâmica de 1979, mas, com o passar dos anos, ampliou sua ação para a defesa dos interesses nacionais.

Fraude

O Conselho dos Guardiães admitiu que 50 dos 366 distritos do país registraram mais votos que eleitores, cerca de 3 milhões de votos irregulares.

De acordo com a apuração oficial, o presidente Mahmoud Ahmadinejad, no poder desde 2005, foi reeleito com 63% dos votos, contra 34% para Mousavi.

Segundo o porta-voz do Conselho dos Guardiães, Abbas Ali Kadkhodai, ainda não é possível "determinar se esse montante é decisivo para (alterar) os resultados da eleição’’, mas descartou a anulação do pleito.

O Conselho dos Guardiães informou que as irregularidades foram encontradas entre as 170 cidades onde um dos candidatos derrotados, Mohsen Rezai, disse ter ocorrido os problemas.

O presidente reeleito e o seu ministro do Interior, Sadeq Mahsouli, rejeitaram qualquer possibilidade de fraude, dizendo que as eleições foram livres e limpas.

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