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O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) deverá reforçar as sanções contra o Irã neste sábado (24), mesmo sem a presença do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que iria defender o programa de enriquecimento de urânio de seu país. O pacote de sanções, que visa deter o programa nuclear do Irã, está centralizado nas exportações de armas do país, no banco estatal Sepah e na Guarda Revolucionária, um grupo militar de elite.

Na sexta-feira (23), Ahmadinejad cancelou seu comparecimento diante do conselho, uma vez que os vistos para a tripulação de seu avião particular foram emitidos tarde demais, impedindo a chegada do avião em Nova York a tempo para a votação, segundo o embaixador iraniano na ONU, Javad Zarif. Washington nega essa afirmação.

O Irã enviou em seu lugar o ministro iraniano das Relações Exteriores, Manouchehr Mottaki, que viajou em um jato comercial. Mottaki discutirá as suspeitas do conselho de que o Irã esteja desenvolvendo armas nucleares por trás da fachada de um programa de energia atômica civil. A reunião começará às 15h (16h em Brasília) e espera-se que a votação seja unânime entre os 15 países do conselho.

As sanções seriam suspensas caso o Irã anunciasse o fim do enriquecimento de urânio. "É suspensão em troca de suspensão", disse o embaixador interino dos Estados Unidos na ONU, Alejandro Wolff. "Não é uma exigência muito grande para o Irã."

O ministro das Relações Exteriores do Irã deverá fazer propostas ao conselho que incluem uma sugestão de que europeus invistam em seu setor nuclear através de um consórcio sob o controle da Agência Internacional de Energia Atômica, órgão da ONU sediado em Viena. Negociadores europeus rejeitaram a idéia, uma vez que o Irã poderia controlar a produção de perigosos combustíveis nucleares.

Em uma entrevista com o canal de televisão France TV 24, Ahmadinejad disse: "Talvez tenham achado que, com a propaganda, nós iríamos voltas atrás. Mas não voltamos atrás e não voltaremos atrás."

Negociações internas

O acordo para o embargo foi finalizado na sexta-feira pelos países que produziram o texto --Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia, China e Alemanha. Para conseguir o apoio da África do Sul, Indonésia e Qatar, eles acrescentaram a importância de um Oriente Médio livre de armas de destruição em massa e frisaram o papel da Agência Internacional de Energia Nuclear.

As negociações foram intensas, em um empenho para garantir o voto unânime. Wolff dialogou por horas com a Indonésia na sexta-feira sobre os detalhes da zona e de proibição nuclear, possivelmente porque inclui Israel e a suspeita de armas nucleares naquele país. As novas medidas acompanham uma resolução adotada em 23 de dezembro proibindo o comércio de materiais nucleares perigosos e mísseis balísticos, bem como o congelamento dos bens e instituições associados a programas atômicos.

A resolução de sábado deverá afetar a economia do Irã, mas não interfere em seu setor de petróleo, o quarto maior do mundo. O texto impõe um embargo em todas as armas convencionais que o Irã pode vender e congela os ativos no exterior do Banco Sepah, como já havia sido feito anteriormente pelos EUA, isolando a instituição de financiamentos internacionais.

A resolução recomenda que instituições financeiras internacionais restrinjam novos empréstimos e crédito ao Irã. O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional não deverão instaurar uma proibição desses créditos. As medidas também incluem um embargo voluntário de viagens de autoridades iranianas e comandantes da Guarda Revolucionária listados no texto, e recomenda restrições na importação de armamento pesado para o Irã.

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