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O presidente da comissão eleitoral da Costa do Marfim declarou na quinta-feira o oposicionista Alassane Ouattara como vencedor provisório do segundo turno da eleição presidencial, mas a entidade responsável por ratificar o resultado disse que o anúncio foi ilegal.

Após repetidos adiamentos devido a divergências dentro da própria comissão eleitoral, o presidente do órgão, Youssouf Bakayoko, anunciou que Ouattara elegeu-se com 54,1 por cento dos votos em 28 de novembro.

O partido do presidente Laurent Gbagbo, que pleiteia a anulação dos resultados em quatro regiões do norte onde Ouattara é forte, rejeitou o resultado.

Mais tarde, os militares marfinenses fecharam as fronteiras aéreas, terrestres e marítimas, e a agência reguladora da mídia disse ter suspendido o sinal da emissora francesa Canal Plus Horizon.

Logo depois do anúncio da comissão eleitoral, numa entrevista coletiva convocada às pressas, o presidente do Conselho Constitucional do país, o governista Paul Yao N'dre, disse que a comissão eleitoral deixou expirar o prazo para a validação obrigatória dos resultados provisórios, que terminou na quarta-feira.

"Uma vez expirado (o prazo), a comissão eleitoral não está mais autorizada a anunciar os resultados", disse ele pela TV estatal. "É o Conselho Constitucional que está autorizado a anunciar decisões sobre os resultados contestados."

O Conselho Constitucional tem sete dias para divulgar o resultado final, mas N'Dre disse que essa totalização pode sair em poucas horas.

A julgar pelos resultados preliminares que foram divulgados, o Conselho Constitucional teria de anular quase 400 mil votos para que o vencedor fosse alterado.

A comunidade internacional esperava que a eleição, adiada por cinco anos, fortalecesse a união do país africano, maior produtor mundial de cacau, que ficou dividido por uma guerra civil em 2002/03. Em vez disso, o pleito acabou escancarando divisões entre o norte e o sul, e causando violência.

Bakayoko surpreendeu os jornalistas ao entrar em um hotel de Abdijã que serve de base para Ouattara e está sob vigilância da ONU, e lá ele leu em voz alta os resultados, que estavam retidos apesar da forte pressão internacional por sua divulgação.

Simpatizantes de Ouattara que estavam no hotel gritaram euforicamente. O candidato pediu a Gbagbo que mantenha a sua promessa, feita antes da votação, de respeitar os resultados. Ouattara disse também que pretende formar um governo de unidade nacional.

Um diplomata ocidental disse à Reuters que Bakayoko foi ao hotel para o anúncio, em vez de fazê-lo na sede da comissão eleitoral, porque temia por sua segurança pessoal.

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