Veteranos
O Pentágono gasta cerca de US$ 1 bilhão em prevenção, diagnóstico e tratamento de veteranos de guerra.
TEPT
Entre as doenças que afetam ex-soldados está o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), cuja incidência aumentou na última década em 656% e incapacita muitos militares de seguir em seus postos em tempos de paz ou retornar à vida civil.
Silêncio
Apesar de o tiroteio de Fort Hood trazer à tona os problemas mentais dos soldados, diariamente militares em atividade, veteranos e suas famílias lidam silenciosamente com a depressão, o alcoolismo e a violência doméstica.
Suicídios
São raros os casos em que a ansiedade e o TEPT acabam em tiroteios como os de Fort Hood. O problema mais grave do pós-guerra americano é o altíssimo índice de suicídios entre os militares reformados e em serviço e o grande número de famílias desestruturadas.
Números
O índice de mortes autoinfligidas entre militares duplicou entre 2004 e 2009 para 30 mortes a cada 100 mil pessoas, mais que o dobro da média para o conjunto da população. Os casos de suicídio superam o número total de militares dos EUA que morreram em combate no Afeganistão.
3 pessoas foram mortas e 16 ficaram feridas quando o cabo Ivan López promoveu um ataque na base militar de Fort Hood, no Texas, no último dia 2. Em seguida, ele se suicidou. O ataque estaria relacionado a um pedido de licença do cargo que ele teria feito ao Exército.
Em mais de uma década de guerras contra o terror, mais de 1 milhão de americanos sofreram algum tipo de transtorno psicológico e bilhões de dólares em dinheiro público foram gastos para curar ferimentos sofridos em conflitos no Iraque e no Afeganistão.
O tiroteio protagonizado no início deste mês pelo soldado porto-riquenho Ivan López, que matou três pessoas e feriu 16 antes de se suicidar, é uma lembrança difícil do quão complexos podem ser os problemas psicológicos ligados à vida militar e como é difícil prevê-los.
Segundo o Departamento de Assuntos de Veteranos, ajudar homens e mulheres que serviram o país no exército é uma das "mais importantes prioridades [para o governo] e um dos desafios mais urgentes".
As consequências das guerras no Afeganistão e no Iraque serão sentidas por muitos anos ainda, devido ao impacto emocional sofrido pelos soldados, explicou Craig Bryan, psicólogo e analista do Centro Nacional de Estudos sobre Veteranos.
Os ataques de 11 de setembro de 2001 traumatizaram os Estados Unidos, criando a situação para o país iniciar uma guerra global contra o terrorismo, primeiro no Afeganistão (que começou em 2001 e ainda não terminou) e, entre 2003 e 2011, no Iraque.
Os EUA se preparam para pôr um fim, em dezembro, à guerra do Afeganistão e encerrar um período bélico de 13 anos, que levou 2,6 milhões de americanos a passar pela experiência do combate.
"O maior perigo agora é que, ao sair do Afeganistão, a consciência social sobre essas questões desapareça e seja muito mais difícil para os soldados receber o apoio público necessário para seus problemas", disse Bryan.
Um em cada cinco ex-combatentes sofre de depressão
Segundo um estudo da Kaiser Family Foundation, mais da metade dos veteranos do último período de guerras americano conhece pelo menos um militar que se suicidou ou tentou tirar a própria vida, enquanto mais de um milhão sofrem acessos repentinos de violência.
Um a cada cinco ex-combatentes sofre de depressão e, segundo uma recente pesquisa do Instituto de Medicina, o número de 936.283 militares e veteranos que foram diagnosticados com problemas mentais na última década é provavelmente muito maior, "porque muitos casos não são identificados adequadamente".
Reflexo
Segundo o relatório, a presença em zonas de combate "aumenta consideravelmente" a possibilidade de conflitos conjugais, violência doméstica, desemprego e exclusão social de pessoas que de alguma maneira acabaram dando a vida por seu país.
Na opinião de Bryan, as sombras da guerra são um problema que afeta toda a sociedade. "O que se passa com os soldados é algo que concerne a toda a comunidade, é um reflexo do que acontece em todo o país".
Pentágono deve estudar medidas mais eficientes
Segundo o estudo realizado pelo Instituto de Medicina, o Pentágono ainda precisa identificar melhor quais medidas são mais eficientes para evitar os problemas psicológicos dos soldados americanos. O relatório ressalta que as Forças Armadas diminuem a importância de iniciativas que "empiricamente" têm um impacto positivo, como restringir o acesso a armas pessoais, álcool e remédios, como opiáceos (à base de ópio), que em alguns casos não são usados adequadamente, geram dependência e pioram a situação. Como disse na última semana o secretário do Exército, John Mchugh, perante o Congresso, em referência ao tiroteio de Fort Hood, apesar de todos os recursos, os programas de ajuda criados a partir do zero, as tentativas de explicar e esquecer a guerra, "às vezes acontecem coisas que são impossíveis de entender".
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