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Logotipo do Le Monde: jornal mais importante da França troca de donos | Benoit Tessier/Reuters
Logotipo do Le Monde: jornal mais importante da França troca de donos| Foto: Benoit Tessier/Reuters

O Conselho de Supervisão do jornal Le Monde anunciou na noite de ontem, em Paris, que o consórcio formado pelos empresários Pierre Bergé, Xavier Niel e Matthieu Pigasse (BNP) deverá se tornar o novo acionista majoritário do grupo, um dos mais importantes da imprensa do mundo.

A decisão favorável aos investidores conta com apoio de 90% dos funcionários – até aqui os principais acionistas. A partir de agora, o grupo Le Monde e o trio farão negociações exclusivas para a venda do controle em troca da injeção de recursos estimada entre 80 milhões e 100 mi­­lhões de euros para saldar dívidas e reorganizarem-se para sobreviver à crise.

Assim, fica virtualmente descartada a proposta de compra fei­­ta pelo consórcio integrado pelos grupos de mídia Nouvel Ob­­ser­­vateur e Prisa – proprietário do jornal espanhol El País – e pe­­la operadora telefônica Oran­­ge, controlada pelo governo fran­­cês.

A opção dos funcionários pela proposta de Bergé-Niel-Pigasse, todos identificados com a esquerda, ficou clara nas últimas semanas, depois que o presidente da França, Nicolas Sar­­kozy, convidou o diretor-executivo da publicação, Eric Fot­­to­­rino, para uma reunião no Pa­­lácio do Eliseu.

Sem crédito

De acordo com a mídia francesa, Sarkozy teria informado Fotto­­rino que, caso o consórcio de empresários fosse escolhido, Le Monde poderia não contar com uma linha de financiamento de 27 milhões de euros criada pelo Estado para ajudar a mídia impressa a sair da crise.

Após essa reunião, Orange associou-se a Nouvel Observateur e Prisa, consolidando o consórcio concorrente. A inclusão da companhia telefônica no grupo foi apontada na França como uma tentativa nítida de Sarkozy de domar o diário, o principal da oposição de centro-esquerda no país. A repercussão negativa le­­vou os funcionários a se manifestarem já na sexta-feira em favor da proposta de Bergé-Niel-Pi­­gasse. No domingo pela manhã, Claude Perdriel, diretor-presidente da Orange, informou a de­­sistência em nota oficial. "Oran­­ge e Nouvel Observateur concordaram em retirar sua proposta ao fim do conselho, qualquer que seja sua decisão, em respeito ao voto desfavorável da Asso­­ciação de Redatores do Monde", disse, em nota.

Mesmo que seja apreciada pelos funcionários do grupo, Bergé, mecenas de arte e fundador do grupo Yves Saint-Laurent, Niel, presidente do grupo de telecomunicações Illiad, e Pigasse, banqueiro e proprietário da revista Les Inrockuptibles, de­­vem implementar mudanças no Monde.

A primeira delas, após a injeção de recursos, será a fusão das redações web e impressa.

A proposta prevê ainda a criação do Pólo Independência, uma fundação pela qual os acionistas minoritários exercerão direito a veto em nome da independência editorial do grupo.

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