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Norte-coreanos assistem ao momento em que o governo do país anuncia quinto teste nuclear | Jung Yeon-Je/AFP
Norte-coreanos assistem ao momento em que o governo do país anuncia quinto teste nuclear| Foto: Jung Yeon-Je/AFP

A Coreia do Norte anunciou ter conduzido seu quinto teste nuclear na manhã desta sexta-feira (9), ainda noite de quinta (8) no Brasil. O país teria conseguido detonar uma ogiva nuclear com capacidade de ser instalada em um míssil, no que foi avaliado por Seul como um ato de “autodestruição” que mostra a “imprudência maníaca” de Kim Jong-Un.

O teste, o mais potente já realizado pelo Norte, de acordo com Seul, aumenta a tensão na península, onde as ambições nucleares e militares do isolado regime já foram condenadas em várias oportunidades pela comunidade internacional, com direito a duras sanções.

De acordo com a imprensa estatal norte-coreana, o teste desta sexta-feira permitiu a Pyongyang alcançar seu objetivo: miniaturizar uma ogiva nuclear para conseguir armar um míssil.

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“Nossos cientistas realizaram a detonação de uma ogiva nuclear de um novo tipo no sítio de testes do norte do país. O partido lhes envia uma mensagem de felicitação pela realização do teste bem sucedido”, anunciou a TV oficial do país.

“Este teste nuclear confirmou a estrutura e as características específicas de uma ogiva nuclear que foi padronizada de maneira a ser montada em mísseis balísticos estratégicos”, afirmou a agência estatal norte-coreana KCNA.

Antes mesmo da confirmação, o vizinho do Sul já falava na possibilidade de mais um teste nuclear comandado por Pyongyang, frente ao registro de um terremoto de magnitude de 5,3 na Coreia do Norte identificado como uma explosão. As características do tremor indicam que esse foi o teste mais potente já desencadeado no país mantido sob regime de Kim Jong-Un e que sua potência pode ser superior à bomba lançada pelos americanos em Hiroshima, ao final da 2ª Guerra Mundial.

“A explosão de 10 quilotons foi quase duas vezes mais potente que o quarto teste nuclear e um pouco menos que o bombardeio de Hiroshima, que tinha quase 15 quilotons”, afirmou Kim Nam-Wook, da Agência Meteorológica Sul-Coreana.

A presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, reservou palavras duras para o vizinho do Norte.

“O regime de Kim Jong-Un receberá apenas mais sanções e isolamento (...). Esta provocação acelerará sua autodestruição”, disse.

Em um comunicado, a embaixada da Coreia do Norte em Moscou afirma que o teste não provocou “nenhum vazamento de substâncias radioativas”.

Indícios

O teste será analisado com cuidado pelos especialistas, que devem determinar se permitiu a Pyongyang fazer novos progressos e se envolveu uma bomba atômica ou uma bomba de hidrogênio, muito mais potente. Os analistas se inclinam, de acordo com os dados disponíveis, pela hipótese de um artefato clássico.

Se a Coreia do Norte conseguir fabricar uma bomba nuclear suficientemente pequena para equipar um míssil e reforçar sua precisão, alcance e a capacidade de seus vetores, o país se aproximaria de seu objetivo final: alcançar alvos americanos.

A análise será difícil, destacou Melissa Hanham, do Instituto Middlebury de Estudos Internacionais.

“Não é realmente possível verificar que se trata de uma ogiva compacta a partir dos dados sísmicos”, disse à AFP. “Teria que ser observada em um teste com um míssil como a China fez nos anos 1960. Ninguém quer presenciar isto. Não há nenhuma forma de fazer isto de maneira segura, poderia ser o que desencadeia uma guerra”, completou.

Pyongyang ‘continuará’

Desde o primeiro teste nuclear em 2006, o Conselho de Segurança da ONU aprovou cinco série de sanções contra Pyongyang.

A China, de quem as outras potências esperam que influencie Pyongyang a mudar de posição, “estará na posição mais delicada”, afirmou Shunji Hiraiwa, professor da Universidade Kwansei Gakuin. Pequim anunciou sua firme oposição ao teste nuclear, mas a margem de manobra chinesa é limitada. A China tenta evitar a queda do regime norte-coreano, algo que criaria uma crise em sua fronteira e o risco de ver o país inclinado aos Estados Unidos.

O Instituto de Estudos Coreia-EUA da Universidade Johns Hopkins, que na quinta-feira já havia citado “novas atividades” em Punggye-ri, considera que o quinto teste comprova “o flagrante fracasso” da estratégia de Washington e de Seul para conter a corrida armamentista da Coreia do Norte.

“Ninguém deve ficar surpreso com o fato da Coreia do Norte continuar realizando testes nucleares para melhorar as capacidades de seu crescente arsenal. Ninguém deveria esperar da China que resolva o problema para os Estados Unidos”, afirmou o analista Joel Wit.

Pyongyang anunciou que em seu quarto teste nuclear, em 6 de janeiro, utilizou uma bomba de hidrogênio. A reivindicação foi questionada pelos especialistas, porque a energia desatada no teste era insuficiente para ser considerada uma bomba de hidrogênio.

Obama: EUA nunca aceitarão a Coreia do Norte como um país nuclear

A Casa Branca publicou na manhã desta sexta-feira (9) uma declaração condenando o novo teste nuclear da Coreia do Norte. Lembrando que se trata do único país que fez testes neste século, o governo americano afirmou que os Estados Unidos “nunca” aceitarão a Coreia do Norte como um país nuclear e que o país ficará ainda mais isolado.

“Como comandante-em-chefe, eu tenho uma responsabilidade de proteger o povo americano e garantir que os Estados Unidos estão levando a comunidade internacional a responder a esta ameaça e outras provocações da Coreia do Norte com determinação proporcional e condenação”, afirmou o presidente Barack Obama em nota.

Obama, que estava retornando de uma visita ao Laos quando o teste ocorreu, já conversou com a presidente da Coreia do Sul e o primeiro-ministro do Japão. Todos concordaram em tratar o assunto no Conselho de Segurança da ONU e criar um sistema antimísseis na região.

Ainda na declaração, a Casa Branca disse que o teste significa uma “grave ameaça à segurança regional e à paz e à estabilidade internacional”.

O secretário de Estado americano, John Kerry, e o chanceler russo, Serguei Lavrov, expressaram preocupação após o teste nuclear e anunciaram que pretendem levar o caso às Nações Unidas.

O Japão condenou um ato “absolutamente inaceitável”, enquanto a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) citou uma operação “muito preocupante e lamentável”.

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