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Soldado sul-coreano faz guarda em região de fronteira. Tensão com os vizinho do norte aumenta | Reuters
Soldado sul-coreano faz guarda em região de fronteira. Tensão com os vizinho do norte aumenta| Foto: Reuters
  • Militares sul-coreanos batem em boneco inflável do líder da Coreia do Norte durante protesto

A secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton disse nesta quarta-feira que o mundo deve responder à "inaceitável provocação" representada pelo naufrágio de um navio de guerra sul-coreano, que teria sido ordenado por Pyongyang, enquanto o regime faz mais afirmações retóricas contra Seul e Washington.

Nesta quarta-feira (26), a Coreia do Norte cortou algumas comunicações fronteiriças e expulsou oito funcionários sul-coreanos de um projeto industrial na cidade norte-coreana de Kaesong. Pyongyang também ameaçou fechar "totalmente" a passagem de pessoal sul-coreano e veículos para Kaesong e abrir fogo contra alto-falantes, se a Coreia do Sul mantiver sua promessa de emitir propaganda ao longo da tensa fronteira entre os países.

Hillary voou para Seul para mostrar o "sólido" apoio de Washington a seu aliado, em um cenário de tensões crescentes na península coreana. A Coreia do Sul culpa Pyongyang pelo naufrágio do navio Cheonan, em 26 de março, afirmando que a Coreia do Norte torpedeou a embarcação sul-coreana. Os norte-coreanos negaram essa versão e ameaçaram começar uma guerra.

"Nós nunca toleraremos a menor provocação de nossos inimigos e vamos responder a isso com uma guerra completa", disse o major general Pak Chan Su, um veterano da Guerra da Coreia, em Pyongyang, segundo gravações da rede APTN.

A conclusão sobre o naufrágio é de uma comissão internacional. Investigadores garantem que há muitas provas de que um submarino norte-coreano é o culpado pelo naufrágio, que deixou 46 marinheiros mortos.

Na segunda-feira, a Coreia do Sul anunciou um pacote com represálias, incluindo o congelamento da maior parte do comércio bilateral e a retomada de transmissões com propaganda contra o regime de Pyongyang, suspensas há seis anos. A decisão de implementar as represálias conta com o apoio dos Estados Unidos, do Japão e de outros aliados.

"Esta foi uma provocação inaceitável da Coreia do Norte e a comunidade internacional tem a responsabilidade e a obrigação de responder", disse Hillary a jornalistas em Seul, a última etapa de sua viagem por três países asiáticos. As medidas sul-coreanas "são absolutamente apropriadas e elas têm todo o apoio dos Estados Unidos."

A Coreia do Norte afirma que Seul fraudou provas de seu envolvimento no naufrágio e ameaçou iniciar uma "guerra", caso haja punições. O regime anunciou no fim da terça-feira que estava rompendo seus laços com o vizinho, por causa da "campanha difamatória", além de banir embarcações sul-coreanas de suas águas territoriais e aeronaves desse país de seu espaço aéreo.

Na noite desta quarta-feira, a Coreia do Norte disse mais uma vez que os resultados da investigação foram "fabricados" e acusou o governo do presidente Barack Obama de estar por trás de um complô para culpar Pyogyang e elevar sua presença militar na região.

"Na verdade, a administração Obama está pressionando a situação numa tentativa de fortalecer suas forças na região e aumentar seu domínio militar", disse a agência de notificas oficial Central Coreana em comentário, que não mencionou a viagem de Hillary.

A Coreia do Norte afirmou que as relações permanecerão rompidas enquanto o presidente conservador Lee Myung-bak estiver no poder em Seul.

A decisão sul-coreana de realizar uma "guerra psicológica" parece ter enfurecido particularmente os vizinhos. Seul instalou alto-falantes na fronteira e começou a transmitir rádios FM para o Norte. Além disso, pretende distribuir folhetos com propaganda do outro lado da fronteira.

A ameaça de Pyongyang de proibir a entrada de sul-coreanos no projeto industrial conjunto de Kaesong, significaria, na prática, que o complexo industrial seria fechado. Mas apesar das duras ameaças, a Coreia do Norte permitiu que trabalhadores sul-coreanos cruzassem a fronteira e entrassem com complexo de Kaesong nesta quarta-feira. Outra passagem de fronteira no lado leste da península continuava aberta, segundo o Ministério de Unificação da Coreia do Sul.

Hillary advertiu Pyongyang para que pare com "suas provocações e a política de ameaças e beligerância" contra Seul. A secretária de Estado apoiou a ação sul-coreana contra a Coreia do Norte no Conselho de Segurança da ONU. "Esta foi uma provocação inaceitável da Coreia do Norte e a comunidade internacional tem a responsabilidade e o dever de responder", afirmou ela, em entrevista coletiva nesta quarta-feira.

Washington tem 28.500 soldados na Coreia do Sul. O Pentágono está planejando realizar exercícios navais, incluindo alguns para evitar ataques de submarinos, em conjunto com a Coreia do Sul.

A Coreia do Sul pretende levar a Coreia do Norte ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) por causa do naufrágio do navio e conta com o apoio norte-americano. Os Estados Unidos disseram que as evidências da responsabilidade norte-coreana são muitos grandes, mas um importante aliado de Pyongyang, a China, disse que ainda avalia as evidências e fez pouco para pedir calma aos dois lados.

"Eu acredito que os Chineses entenderam a seriedade dessa questão e estão dispostos a ouvir as preocupações expressadas tanto pela Coreia do Sul quanto pelos Estados Unidos", disse Hillary, que visitou a China antes de ir a Seul. "Nós esperamos trabalhar com a China na medida em que avançamos na elaboração de uma resposta".

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