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São Paulo – O governo da Coréia do Sul e o grupo fundamentalista islâmico Taleban, do Afeganistão, anunciaram ontem ter chegado a um acordo para a libertação de 19 sul-coreanos mantidos reféns pela milícia muçulmana há seis semanas.

Nas negociações entre representantes de Seul e do Taleban, mediadas pela Cruz Vermelha Internacional e conduzidas na cidade afegã de Ghazni, ficou decidido que a Coréia retirará até o final do ano seus cerca de 200 soldados do Afeganistão – os quais são em sua maioria médicos e engenheiros e não estão em operações de combate com as tropas da Otan (aliança militar ocidental). O governo sul-coreano concordou também em impedir o envio de missionários ao país.

O grupo de reféns, originalmente 23 missionários cristãos, a maioria deles mulheres com idades entre 20 e 30 anos, foi seqüestrado em 19 de julho, quando viajava em um ônibus de Cabul, capital do país, a Kandahar.

Dois dos reféns, homens, chegaram a ser mortos poucos dias depois pelos milicianos do Taleban, que inicialmente pediam a libertação de militantes do grupo feitos prisioneiros pelo governo afegão.

Como os Estados Unidos, que, junto com a Otan, mantêm efetivo militar no Afeganistão, e o governo afegão se recusaram a autorizar a libertação dos presos, cresceu na Coréia do Sul um sentimento antiamericano que acompanhou a apreensão pelo destino dos missionários. Com eleições presidenciais, a serem realizadas em dezembro, compondo o cenário de pressão sobre o governo sul-coreano, o presidente Roh Moo-hyun autorizou a negociação direta com o Taleban.

Após a retomada das negociações, duas reféns foram libertadas. O Taleban, que abriu mão da exigência de ver libertados os prisioneiros, não revelou quando seriam soltos os 19 missionários em seu poder. "Nos próximos dias’’, afirmou Qari Youssef Ahmadi, porta-voz do grupo. Acredita-se que os reféns estejam em diferentes cativeiros no Afeganistão, espalhados pela região dominada pelo Taleban.

Analistas avaliam que o grupo islâmico desistiu de exigir a soltura dos presos porque ficou satisfeito com a negociação direta com o Seul, o que lhe teria atribuído uma legitimidade negada por Cabul e Washington.

O Taleban, grupo muçulmano fundamentalista que surgiu na década de 1980 durante a guerrilha contra a ocupação soviética do Afeganistão, governou o país entre 1996 e 2001. Nesse ano eles foram depostos militarmente pelos EUA, que acusaram o governo afegão de dar abrigo ao terrorista saudita Osama bin Laden.

Com o fim do regime do Taleban, foram realizadas eleições no Afeganistão, as quais em 2004 confirmaram no poder o presidente Hamid Karzai, aliado de Washington e que havia sido eleito em 2002 pela assembléia de líderes tribais.

No entanto, recentemente o Taleban tem retomado poder e território, principalmente nas províncias do sul do país, dando trabalho tanto à Otan quanto aos Estados Unidos.

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