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coronavírus itália
Na Albânia, equipe médica verifica passageiros que chegam da Itália para detectar possíveis sintomas do Covid-19| Foto: Gent SHKULLAKU/AFP

O aumento repentino de infecções pelo novo coronavírus na Itália e a confirmação de primeiros casos em países europeus e no Brasil no início desta semana são o indício mais forte até agora de que a epidemia que começou na China está prestes a se tornar uma preocupação global. Nesta quarta-feira (26), o número de novos casos fora da China continental ultrapassou o de novos casos registrados dentro do país asiático. A Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou os países a se "preparar para uma potencial pandemia".

Desde o início da epidemia do novo coronavírus, que causa um tipo de doença respiratória grave batizada de Covid-19, mais de 81 mil pessoas foram infectadas - 78 mil apenas na China continental. Especialistas da OMS afirmaram, segundo o The Guardian, que a epidemia já atingiu o pico no país e o número de novos casos diários está começando a diminuir.

A Coreia do Sul é o segundo país com o maior número de diagnósticos positivos para o novo vírus: 1.261 casos. Apenas nesta quarta-feira, foram somadas à lista mais 284 novas infecções. Por lá, houve um aumento repentino ao longo da última semana depois que membros de um grupo religioso na cidade de Daegu apresentaram sintomas semelhantes aos causados pelo Covid-19, como febre e dificuldade respiratória. Um militar americano que serve em uma base dos Estados Unidos na região de Daegu foi diagnosticado com coronavírus. Nesta mesma base, estão estacionados 28,5 mil soldados americanos.

Como resposta ao surto, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, decretou alerta máximo para doenças infecciosas no país. Sob esse nível de alerta, as autoridades podem pedir o fechamento de escolas e reduzir a operação de transporte público e de voos. Até esta quarta-feira, 12 pessoas morreram na Coreia do Sul por causa do Covid-19.

Europa

Nos primeiros dias desta semana, a situação ficou mais grave na Itália. Mais de 300 casos foram confirmados e pelo menos 11 pessoas morreram, aumentando a preocupação global sobre a propagação da nova doença. No Brasil, há indicação de que o primeiro caso confirmado de coronavírus tem ligação com o surto que está acontecendo na Itália. Segundo a BBC, Áustria, Croácia e Suíça anunciaram seus primeiros casos do novo vírus, também aparentemente ligados com o surto na Itália. Por enquanto, os ministros da Saúde de Alemanha, França, Itália e da Comissão da União Europeia se comprometeram, nesta terça-feira, a manter as fronteiras entre os países abertas.

Nas Ilhas Canárias (Espanha), um hotel em Tenerife foi bloqueado depois que um médico italiano visitante testou positivo para coronavírus. Segundo a BBC, centenas de convidados no H10 Costa Adeje Palace Hotel foram instruídos a ficar em seus quartos enquanto os exames médicos eram realizados. O médico é supostamente da região da Lombardia, onde as autoridades italianas estão lutando contra o surto. Na Espanha, uma mulher diagnosticada com coronavírus também tinha viajado recentemente para a Itália.

Irã

O Irã também é um caso preocupante. Dezesseis mortes foram confirmadas pelo governo, mas o número de casos é baixo - apenas 100 até esta quarta. Isso eleva a taxa de mortalidade do coronavírus no país a 16%, desproporcional ao que está sendo registrado na China e em outros países, em cerca de 2 a 3%. Especialistas em doenças infecciosas afirmaram à BBC que o Irã é caso mais preocupante até o momento por causa da falta de um cenário preciso do que está acontecendo lá. Até mesmo o vice-ministro da Saúde do país, Iraj Harirchi, foi diagnosticado com a doença.

No Oriente Médio também foram registrados casos no Afeganistão, Barein, Iraque e Oman no começo desta semana.

A Coreia do Norte, que faz fronteira com a China e a Coreia do Sul, também é um ponto cego para especialistas. Até o momento, o regime de Kim Jong-un sustenta que não há nenhum caso de coronavírus no país, porém, uma potencial propagação do coronavírus por lá poderia ser devastadora para uma população que já sofre com desnutrição, alertam analistas.

Pandemia?

Quase 3 mil casos de coronavírus foram confirmados fora da China continental, com um expressivo aumento nos últimos dias. A OMS afirmou, nesta segunda-feira (24), que os países devem estar preparados para uma pandemia, mas ainda não passou a classificar a epidemia de coronavírus sob este termo porque ela ainda não se enquadra nos critérios usados para identificar uma pandemia.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, uma pandemia é declarada quando uma nova doença para a qual as pessoas não têm imunidade se espalha pelo mundo além do esperado.

"Nossa decisão sobre usar a palavra 'pandemia' para descrever uma epidemia é baseada em uma avaliação contínua da propagação geográfica do vírus, da gravidade da doença que causa e do impacto que tem sobre toda a sociedade", disse o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus durante coletiva de imprensa.

Alguns especialistas, porém, discordam, especialmente depois do aumento repetindo de casos na Coreia do Sul, Itália e Irã nos últimos dias.

"Acho que muitas pessoas consideram a situação atual uma pandemia, temos transmissão contínua em várias regiões do mundo", disse à BBC o professor Jimmy Whitworth, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. "O vírus está se espalhando pelo mundo e o vínculo com a China está se tornando menos forte".

Mary-Louise McLaws, especialista em controle de infecções que já trabalhou como consultora da OMS, explicou ao The Guardian que a identificação de uma pandemia pode variar em diferentes organizações de saúde porque não há um número exato de infecções ou de mortes que sirva como um ponto de corte, nem um certo número de países com registro de casos.

Segundo ela, a OMS declara uma pandemia com o objetivo de alertar as populações para não ignorarem os sintomas da doença e levá-la a sério, bem como para levantar dinheiro que auxiliará os países a responder a um grande número de casos. Porém, se a declaração de uma pandemia causar pânico global, o objetivo de tentar aumentar a conscientização sobre a doença pode ir por água abaixo, já que corre-se o risco de elevar o número de pessoas que buscam o serviço de emergência mesmo sem ter a doença e consequentemente aumentar os gastos dos países com atendimento e medicamentos.

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