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Presidente do Equador, Rafael Correa, com máscara de gás durante protestos em Quito: presidente segue em hospital após ser atingido por gás lacrimogêneo. | REUTERS/Guillermo Granja
Presidente do Equador, Rafael Correa, com máscara de gás durante protestos em Quito: presidente segue em hospital após ser atingido por gás lacrimogêneo.| Foto: REUTERS/Guillermo Granja
  • Os EUA expressaram apoio ao presidente do Equador Rafael Correa em dia que protestos contra o governo provocaram o caos no país sul-americano.

O presidente do Equador, Rafael Correa, disse na noite desta quinta-feira (30) que só vai negociar com os policiais rebelados se eles terminarem seu protesto, que levou o caos a Quito e a outras cidades do país.

Correa afirmou, em entrevista por telefone à TV local, que se reuniu com três comissões de policiais rebelados e reafirmou a eles essa intenção.

"Só saio daqui como presidente ou como cadáver", disse ele do hospital em que foi socorrido após ser atingido por gás depois de discursar e tentar conter a sublevação das forças de segurança no principal quartel da capital, Quito.

Correa também disse que não vai autorizar uma operação para resgatá-lo no hospital - onde está praticamente sitiado por policiais rebelados - para evitar um "banho de sangue".

Os protestos de policiais e militares levaram o governo do esquerdista Correa a denunciar uma tentativa de golpe de estado e a decretar estado de exceção nesta quinta-feira. Os protestos deixaram pelo menos um morto e vários feridos, segundo o governo.

Durante uma semana, as Forças Armadas irão às ruas para assumir a segurança pública do país.

Ao mesmo tempo, o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador, general Ernesto González, pediu nesta quinta-feira que os policiais ponham fim ao movimento, garantindo que seus direitos serão respeitados.

Mais cedo, González já havia declarado lealdade ao presidente.

O vice-presidente equatoriano, Lenín Moreno, também declarou apoio a Correa e conclamou o povo a ir às ruas para apoiar o presidente.

Corte de benefícios

Os protestos ocorrem porque Correa ameaçava retirar uma série de benefícios econômicos dos militares e da polícia, dentro de seu plano de austeridade e enxugamento do setor público.

O plano tem a oposição até mesmo de parlamentares do próprio partido de Correa, o que levou o presidente a manifestar a intenção de dissolver o Parlamento, como prevê a Constituição equatoriana de 2008.

Diplomacia

A comunidade internacional manifestou-se a favor de Correa e contra os protestos e a suposta tentativa de golpe.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou uma resolução de apoio a Correa.

Em uma sessão extraordinária do Conselho Permanente em Washington, representantes dos países que compõem a OEA rejeitaram qualquer tentativa de desestabilização da ordem constitucional no país.

O Mercosul, bloco econômico formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, condenou "energicamente todo e qualquer tipo de ataque ao poder civil legitimamente constituído e à ordem constitucional e democrática do Equador", segundo nota do Itamaraty.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que os chefes de Estado da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) realizarão uma reunião de emergência nas próximas horas em Buenos Aires para analisar a rebelião. O Brasil vai enviar representante à reunião.

Clima tenso

O clima seguia tenso no país, com relatos de comércio e escola fechados e saques. O Congresso foi invadido pelos rebelados.

Policiais que cercam o hospital em que Correa está internado teriam lançado gás contra civis partidários do presidente. Dois fotógrafos da agência France Presse denunciaram ter sido agredidos.

O comandante da Polícia Nacional, general Freddy Martínez, negou a versão de que Correa estaria "sequestrado" no hospital, como disseram alguns integrantes do governo.

Os policiais rebelados invadiram a Ecuador TV, estatal, e pretendiam interromper seu sinal e o da Gama TV, também do governo. A informação é de funcionários das duas emissoras.

Policiais em Guayaquil e Quito protestaram em seus quartéis. Militares em Guayaquil bloquearam algumas estradas que chegam à cidade litorânea, a mais populosa do Equador.

A estatal de petróleo Petroecuador afirmou que suas operações não foram afetadas e que militares reforçaram a segurança nas unidades.

Se você está no Equador, mande os seus comentários e suas fotos para o e-mail pautagpol@gazetadopovo.com.br.

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