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O esquerdista Rafael Correa, admirador do presidente venezuelano Hugo Chávez, aproximava-se na segunda-feira de assegurar a Presidência do Equador depois de prometer reformas para o país.

Se a vitória for confirmada Correa será o oitavo presidente do Equador em apenas dez anos e fortaleceria a campanha de Chávez para combater a influência dos EUA na América Latina e promover a chamada ``revolução socialista''.

O candidato esquerdista, que estudou economia nos EUA, deixou preocupado o mercado norte-americano ao prometer limitar o pagamento da dívida externa. Correa também irritou o governo dos EUA ao se opor a um tratado de livre comércio e à construção de uma base militar norte-americana no Equador.

Muitas das propostas dele parecem-se com as de Chávez.

Como resultado do nervosismo gerado no mercado em virtude do resultado das eleições, a dívida equatoriana em dólar perdeu valor na segunda-feira. Os títulos Global 2012, do país, caíram 2,18 pontos depois de os mercados terem absorvido o que era tido como um ``fato negativo''.

Com 63,4 por cento das urnas apuradas, Correa tinha 63,31 por cento dos votos, contra 36,69 por cento do magnata da banana Alvaro Noboa.

O resultado final pode ser diferente desse já que falta contar os votos das áreas mais populosas. Mas três pesquisas de boca-de-urna e uma contagem prévia realizada no domingo mostraram que Correa havia obtido 57 por cento dos votos.

``Essa é uma mensagem clara de que as pessoas desejam mudanças'', afirmou o candidato a repórteres depois de as pesquisas de boca-de-urna terem apontado a vitória dele.

Noboa, o homem mais rico do Equador, dono de empresas que atuam em vários setores, da produção de café à área da construção civil, rejeitou os resultados preliminares e disse que poderia exigir uma recontagem dos votos caso isso fosse necessário.

O resultado final do pleito pode ser divulgado apenas na terça-feira.

Correa, 43, ex-ministro da Economia, conquistou os eleitores prometendo derrotar a elite política acusada por muitos de não conseguir enfrentar a pobreza na qual está mergulhada mais de metade dos 13 milhões de habitantes do país.

Mais instabilidade?

Correa, que ficou em segundo lugar no primeiro turno da votação, ganhou força nas últimas semanas ao tornar seu discurso menos radical.

Alguns eleitores de centro mostravam-se preocupados com sua retórica agressiva e com a possibilidade de que o desmantelamento do Congresso, conforme defendia o candidato, acabasse por gerar ainda mais instabilidade.

Depois de as pesquisas de boca-de-urna terem mostrado que ele liderava a corrida presidencial, Correa reafirmou seus planos de reavaliar parte da dívida, de opor-se ao tratado de livre comércio com os EUA e de realizar uma votação para escolher uma assembléia encarregada de reescrever a Constituição do país e limitar o poder dos partidos políticos tradicionais.

O Equador, maior exportador de banana do mundo e quinto maior produtor de petróleo da América Latina, tenta retomar a estabilidade política depois de três presidentes terem sido depostos em menos de uma década devido a levantes populares ou a crises com o Congresso.

O último presidente eleito do país deixou o cargo em abril do ano passado em meio a manifestações de rua e a um Congresso hostil.

As reformas de Correa podem colocá-lo em rota de colisão com o Poder Legislativo, que acusou de ser corrupto e junto ao qual conta com poucos aliados por não ter apresentado candidatos nas eleições de outubro.

``Prevemos que os impasses e as confrontações entre o Executivo e o Legislativo atingirão um novo patamar durante o governo de Correa'', disse o banco de investimentos Goldman Sachs.

O Partido Renovador Institucional Ação Nacional (Prian), de Noboa, deve tentar formar uma aliança majoritária no Congresso depois de os candidatos dele terem conquistado, em outubro, 28 das cem cadeiras do órgão.

Atualmente, a economia equatoriana beneficia-se dos altos preços do petróleo. Mas alguns temem que as políticas de Correa criem uma crise econômica semelhante à que obrigou o país a declarar uma moratória da dívida em 1999 e que o levou a transformar o dólar em sua moeda oficial.

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